comunidade, chegamos à triste conclusão de que a maioria deles enviesaram para o mundo do crime após o fechamento daquele espaço e, entre esses, 18 jovens foram assassinados e tantos outros foram presos e outros mais tiveram que mudar de comunidade e até de cidade para preservar suas vidas.
Após esses levantamentos, surgiu a vontade de criar uma ferramenta que proporcionasse a essas crianças e jovens uma oportunidade de vencer e mudar essa realidade em nossa comunidade. Quando falei do meu desejo de realizar o projeto de uma biblioteca, fui repreendida por familiares e até por moradores da comunidade, por entenderem que isso poderia pôr em risco minha vida. Ouvi, muitas vezes, frases como: “-Você é louca! -Vão te matar! -Isso não tem futuro! - O povo é ingrato, não vão valorizar sua iniciativa! -Você é uma sonhadora! -Você vai se formar para fazer isso?” Mas apesar de todas essas ponderações que recebi e recebo, nunca desisti de sonhar.
Mas o sonho esbarrava na realidade, pois pensava como iria realizá-lo se não tinha um espaço? Se não tinha dinheiro? Mas um belo dia, o sonho foi de encontro à realidade, e, naquele momento, graças a minha loucura bendita, ele se concretizaria. Foi quando uma turma de “jovens simpatizantes do crime” resolveu invadir um pedaço de terreno próximo a nossa casa. Ao vê-los, fui até eles e perguntei o que eles estavam planejando. Eles informaram que iriam construir um lava-jato, e, naquele instante, surgiu uma força interior que me fez contrariar o objetivo deles, pois apresentei uma contraproposta para aquele espaço, dizendo que eu iria fazer uma biblioteca para a comunidade, com o propósito de incentivar a leitura, promovendo inúmeras atividades para a comunidade.
147