BIBLION MAGAZINE EDIÇÃO INTERATIVA (PT) #6 / NOV-DEZ 2017 | Page 15

B I B L I O N - R E V I S TA D E L I V R O S , L I V R O S E M R E V I S TA Salomão e Eclesiastes A tradição judeo-cristã atribui a autoria Estas são questões que muitos querem ver respondidas, mas que poucos conseguem responder por eles mesmos; afi- nal, não seria fantástico se todos soubéssemos qual é o sentido da vida, ou para onde vamos após a morte? (E que, uma vez sabendo, todos pudéssemos estar de acordo?) Acontece que em outros tempos as pessoas olhavam para os seus líderes como fontes de sabedoria. Era uma expectativa do povo que a sua autoridade máxima possuísse dis- cernimento, aquela capacidade de entender objetivamente a realidade em que viviam, e a sabedoria para agir corretamente perante essa realidade. A história reconhece vários líderes como sábios, porém dois se destacam como verdadeiros “reis-filósofos” no seu amor pela sabedoria e na sua habilidade para governar: Salomão, rei de Israel, e Marco Aurélio, im- perador romano. Salomão é para muitos o homem mais sábio que alguma vez existiu. Os seus provér- bios e cânticos, assim como os relatos do seu reinado nos livros de Reis e Crónicas, atestam à sagacidade, riqueza, influência e poder do sucessor e filho de David. Salomão gozou de um reinado pacífico, durante o qual Israel atingiu o pináculo da sua prosperidade. Ele ergueu o templo que o seu pai David planeara, forjou boas relações com outros líderes do seu tempo através do comércio e da diplomacia (como são exemplos o rei Hirão I de Tiro e a rainha de Sabá) e desfrutou de uma vida do livro de Eclesiastes a Salomão, autor de Cânticos, da maioria de Provérbios e de outros escritos que não estão incluídos no Antigo Testamento. No entanto, mui- tos historiadores e teólogos têm vindo a rejeitar essa teoria devido a vários fatores, entre eles o tema do livro e a linguagem usada pelo autor, que colocam a data de Eclesiastes à volta do séc. III a.C. – sete- centos anos após o reinado de Salomão. No seu comentário de Eclesiastes, o Dr. Michael V. Fox parte do princípio que o Qohelet, o suposto autor do livro, é na verdade uma personagem fictícia feita à imagem de Salomão, e não o próprio rei, nem nenhuma pessoa ligada diretamente ao rei. Fox reconhece também uma forte influencia de filosofia grega no texto, visto que o Eclesiastes procura saber a verdade através de uma reflexão lógica, e não através de revelação divina ou do estudo das tradições; o crítico chega até a identificar traços de estoicismo no discurs