atómica maio de 2024 | Page 34

Neste número propomos-vos a visita a um parque ou jardim. As opções são variadas, incluindo algumas das áreas protegidas mais representativas da fauna e flora portuguesas, mas também jardins que constituem belíssimos exemplos de arquitetura paisagística.

Durante os fins de semana deste mês de maio, o programa Jardins Abertos vai abrir as portas a cerca de trinta jardins da cidade de Lisboa para visitas guiadas e atividades gratuitas. É visitar e desfrutar…

Jardim Botânico da Ajuda

Criado por ordem do Marquês de Pombal, e projetado pelo botânico italiano Domingos Vandelli segundo um modelo renascentista com algumas influências barrocas, o Jardim Botânico da Ajuda foi o primeiro jardim botânico a ser fundado em Portugal. Com mais de 250 anos e cerca de 1500 plantas, este jardim foi desenhado com o objetivo de manter, estudar e colecionar o máximo de espécies do mundo vegetal. 

Dividido em dois tabuleiros, a coleção botânica pode ser encontrada no superior, enquanto o tabuleiro inferior corresponde a um jardim de recreio. É composto por elementos como: pedra esculpida, variadíssimas plantas, incluindo uma coleção de plantas aquáticas, e água em fontes e lagos. Oferece visitas guiadas ao público e a companhia de exuberantes pavões (Pavo sp.).

Jardim Botânico Tropical

Classificado como monumento nacional, este jardim criado no início do século XX, com um objetivo eminentemente didático, engloba variadíssimas espécies tropicais e subtropicais, num total de 600 espécies dos diversos continentes.

Entre os exemplares vegetais mais emblemáticos salientam-se a avenida de palmeiras do género Washingtonia, os exemplares de figueira-estranguladora (Ficus macrophylla), de dragoeiro (Dracaena draco) ou de cicadáceas (Cycas revoluta) e Ginkgo biloba, estas duas últimas verdadeiros “fósseis vivos” que persistem desde o Triássico.

Jardim Botânico de Lisboa

Localizado junto ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência, e parte integrante deste, este jardim científico, de inspiração romântica, é onde se pode observar cerca de 1500 espécies vegetais originárias de diversos locais, como Nova Zelândia, Austrália, China, Japão e América do Sul. Com 150 anos de história e 4 hectares, foi também considerado um monumento nacional em 2010.

As coleções de plantas que merecem menção especial incluem a grande diversidade de palmeiras e de cicadáceas e o canto dos catos, um dos ex-libris do jardim.

E quem visita este jardim não pode deixar de conhecer ou rever o museu adjacente, que inclui diversas exposições permanentes e temporárias de Química, Física, Zoologia, Antropologia, Geologia e Paleontologia.

Jardim Gulbenkian

Este pequeno oásis, em pleno centro da cidade de Lisboa, foi concebido na década de 60 do século XX, de acordo com um projeto dos arquitetos António Viana Barreto e Gonçalo Ribeiro Telles. Trata-se de um jardim que representa o movimento moderno em Portugal, apresentando um desenho geométrico subtil em que cada caminho nos leva a um recanto onde se pode repousar, trabalhar, brincar… O lago central e outras zonas artificiais húmidas criadas, envoltas pela vegetação, atraem uma enorme variedade de fauna.

Jardim Botânico da Universidade do Porto

O Jardim Botânico da Universidade do Porto, também conhecido como Jardim Botânico Gonçalo Sampaio, situa-se no centro da cidade e guarda 400 espécies. Dentro do jardim encontra-se um jardim histórico, dois lagos, estufas, um jardim de catos e outro com plantas suculentas, espaço de árvores centenárias, variadas espécies vegetais raras e/ou exóticas e um museu. A riqueza da paisagem e florística deste jardim serviu como inspiração para autores como Sophia de Mello Breyner Andersen.

Jardim Botânico da Universidade de Coimbra

Atualmente situado junto ao Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra surgiu em 1772 na sequência da reforma pombalina dos estudos universitários.

Com mais de 13 ha, o jardim está organizado em duas partes: o jardim clássico e a mata. O jardim, ao estilo neoclássico e distribuído por seis terraços, inclui espaços como o jardim sensorial, a avenida das tílias ou o recanto tropical, a que se juntam lagos, estátuas e belos canteiros com traçado geométrico. Na mata, que é possível atravessar até à baixa da cidade, encontramos a estufa fria, projetada por Cottinelli Telmo e construída na década de 50 do século XX, e um magnífico bambuzal, dominado por bambu-gigante (Phyllostachys reticulata), espécie introduzida no jardim em 1852.

Parque Natural da Arrábida

Entre Sesimbra e Setúbal eleva-se do Atlântico um pequeno maciço calcário que constitui a base do Parque Natural da Arrábida, reserva que ocupa uma superfície de aproximadamente 17 mil ha, dos quais mais de 5 mil são de superfície marinha. A serra com o mesmo nome ergueu-se há 180 M.a., a partir de uma área submersa, resultando a morfologia atual de fenómenos ligados à tectónica e à erosão. 

O coberto vegetal, de características mediterrânicas, é bastante peculiar, nomeadamente o matagal baixo que constitui o garrigue e o maquis, um bosque da antiga floresta. Nas encostas mais abrigadas, viradas a sul, o maquis adquire um aspeto arbóreo constituindo as matas do Vidal, do Solitário e Coberta, que usufruem de proteção total e só podem ser visitadas para fins específicos e com autorização prévia. 

Nesta reserva podem encontrar-se espécies como o carrasco (Quercus coccifera), o tojo (Ulex densus), um endemismo dos calcários do centro oeste português, e que, por estes dias, tinge a paisagem de um amarelo intenso, e cerca de 30 espécies de orquídeas. 

Parque Nacional da Peneda Gerês

Primeira área protegida a ser criada em Portugal e a única com o estatuto de parque nacional, o Parque Nacional da Peneda-Gerês é uma região montanhosa, essencialmente granítica, que inclui as serras da Peneda, Soajo, Amarela e Gerês. Os vales profundos e encaixados, resultantes da última glaciação, sustentam uma rede hidrográfica que possibilita a manutenção de bosques, matos, vegetação ripícola e turfeiras.

Entre as variadíssimas maravilhas destaca-se a mata da Albergaria, uma das áreas mais representativas dos carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica. A fauna inclui o lobo (Canis lupus), o corço (Capreolus capreolus), símbolo do parque, a águia-real (Aquila chrysaetos), e uma grande diversidade de répteis, anfíbios e peixes.

Aliado à grande biodiversidade, o parque tem um rico património histórico-cultural que inclui necrópoles megalíticas, vestígios da romanização, espigueiros tradicionais, levadas, brandas e inverneiras, entre outros.

Parques e Jardins

 

Helena Guerra e Sónia Ferreira