ALGAS:
Fernando Nagahama
Algas
Muitas são verdes, têm “folhas” e realizam fotossíntese, logo são plantas. Mas, não…! Falamos das algas e, de facto, esta afirmação está incorreta. Ficou surpreendido? Será mesmo assim?
Parece estranho, mas vamos explicar as razões para que tal aconteça. Apesar de serem muito parecidas com as plantas, as algas não são classificadas como tal.
O Homem sempre sentiu necessidade de organizar e catalogar a imensidão de seres com quem partilha o planeta. Assim, ao longo do tempo e com o acréscimo de novos conhecimentos, muitas foram as tentativas de colocar uma “ordem”, ainda que artificial, na biodiversidade. As algas partilharam com as plantas o mesmo Reino Plantae. No entanto, posteriormente foram colocadas no Reino Protista com os protozoários. Qual a razão para esta mudança? A resposta exige conhecermos Whittaker.
Robert Whittaker foi biólogo, botânico e ecologista, e organizou os seres vivos em cinco reinos: Animalia, Plantae, Fungi, Monera e Protista. Foram três os critérios que estiveram na base do seu sistema de classificação: nível de organização celular (tipo e número de células), modo de nutrição e interação nos ecossistemas.
Desta forma, o reino Protista integrou os seres eucariontes, uni ou pluricelulares, heterotróficos (por absorção e ingestão) ou autotróficos (fotossintéticos), micro e macroconsumidores e produtores. Os exemplares deste reino são os protozoários e as algas.
No reino Plantae incluiu seres eucariontes, pluricelulares, autotróficos (fotossintéticos) e produtores. Este reino inclui todas as plantas.
É natural que se confunda as algas que vemos nas praias (macroalgas) com plantas, pois existem muitas semelhanças entre elas. São seres pluricelulares, eucariontes e fotossintéticos. Há algas verdes (as clorofíceas), algas castanhas (as feofíceas), algas vermelhas (as rodofíceas); no entanto, a sua grande diversidade não se deve apenas ao tipo de pigmento que lhes dão cor, mas também ao facto de algumas serem unicelulares, outras pluricelulares, macroscópicas ou microscópicas.
Existindo tantos aspetos coincidentes entre os dois reinos, vejamos qual a razão para as algas serem remetidas para junto dos protistas.
No reino Plantae incluem-se seres exclusivamente pluricelulares, logo, as algas, sendo unicelulares e pluricelulares, não podem integrar esse reino.
Para além desta incompatibilidade, ainda há uma grande diferença a nível estrutural pois as algas não possuem tecidos especializados e o seu corpo, “talo”, não apresenta folhas, caule e raízes verdadeiras como as plantas.
A grande importância das algas
A vida terrestre deve o seu aparecimento à inclusão de oxigénio na atmosfera primitiva, o que permitindo a formação da camada de ozono, escudou os seres vivos contra as radiações ultravioletas nocivas.
Ainda que a Amazónia seja considerada o “pulmão do planeta”, para muitos autores as algas são as verdadeiras estrelas por serem responsáveis pela produção de 50 a 80% do oxigénio da Terra, mais do que o libertado por todas as florestas tropicais juntas. Ocupando uma área muito maior que as árvores e utilizando uma quantidade de oxigénio menor do que a produzida, estima-se que o fitoplâncton onde as algas se integram, também retiram da atmosfera cerca de 50% do dióxido de carbono.
Sendo fonte de proteínas, vitaminas e sais minerais, as algas fazem parte da gastronomia oriental, e os apreciadores irão reconhecê-las no sushi, sopas e outros pratos. No entanto, mais importante do que integrarem o nosso regime alimentar é o facto de serem a base da cadeia alimentar nos ecossistemas aquáticos, ao constituírem, juntamente com as cianobactérias, o fitoplâncton.
Para além disto, contêm substâncias que podem ser utilizadas para a produção de medicamentos, conhecimento que integra a cultura milenar de vários países; servem para adubos e fertilizantes pois nos seus talos existem minerais indispensáveis para o desenvolvimento de plantas; delas extrai-se o agar, utilizado em laboratório na preparação de meios de cultura para bactérias, fungos e outros organismos.
Novos projetos continuam a surgir, permitindo a utilização das algas noutros setores.
Kelp, uma macroalga castanha