Lembra-se daquela vez em que estava a falar com um amigo e depois de o ver a bocejar deu por si a fazer o mesmo? Alguma vez se questionou por que motivo isso acontece? Este tipo de situações dá-se porque como seres humanos estamos programados para reagir a comportamentos de outros, não apenas a bocejos, mas principalmente a emoções. Aliás, não só reagimos, como muitas vezes, “apanhamos” a resposta emocional de alguém. Ou seja, as nossas emoções são contagiosas.
Recuando no tempo, antes das palavras serem utilizadas, o homem das cavernas precisava de uma forma de comunicar. Era necessário saber quando havia perigo. Por isso, as emoções e a linguagem corporal tornaram-se úteis como meio de comunicação. Se uma tribo estivesse a passar por uma floresta e apenas um dos membros visse um urso prestes a atacar, a sua inspiração repentina seria um sinal audível para os restantes saberem que algo estava a acontecer. Virando-se para ele, reconheceriam a expressão de medo presente no seu rosto e rapidamente olhariam para onde o mesmo olhava, encontrando o perigo.
Embora atualmente já não seja comum as pessoas terem de se proteger de ursos ou de tribos inimigas, esta forma de comunicar manteve-se e não apenas com o medo, mas também com todas as emoções no geral. Não só sentir uma emoção causa uma microexpressão, como ver uma microexpressão causa uma emoção.
Observando a imagem da página anterior, provavelmente conseguirá dizer qual o sorriso verdadeiro e qual o sorriso falso. Um deles dá mais prazer ver, certo? Foi realizado um estudo em que mostraram aos participantes fotos de um sorriso verdadeiro e um sorriso falso. Chegaram à conclusão de que quando os participantes observaram um sorriso verdadeiro, também eles foram contagiados por felicidade, mas quando observaram um sorriso falso, não receberam emoção nenhuma. Ou seja, enquanto um permite uma reação positiva e memorável, o outro não produz absolutamente nada. (Já agora, o sorriso verdadeiro é o do lado esquerdo, caso estivesse com dúvidas).
Num outro estudo, a investigadora de comportamento humano Vanessa Van Edwards posicionou-se no meio da rua e ficou parada a olhar como se estivesse à procura de alguma coisa. Aos poucos, as pessoas que passavam e observavam o seu comportamento tentavam olhar para o mesmo sítio. Algumas até pararam e puseram-se ao seu lado a observar. No final, uma mulher que se tinha mantido ao lado da investigadora acabou por lhe perguntar “Será que ele vai saltar?”. A conclusão da investigadora foi que, não só “apanhamos” emoções por observar o comportamento de outras pessoas, como tentamos encontrar justificações para termos apanhado aquela emoção.
Embora observar microexpressões e linguagem corporal seja provavelmente a forma de contágio de emoção mais forte, existem outras situações possíveis, seja por voz, enquanto fala ao telefone quando está feliz, triste, ou zangado, ou até mesmo por cheiro. A Universidade de Stony Brook em Nova Iorque chegou à conclusão de que é possível cheirar medo. Foram recolhidos absorventes de suor de pessoas que correram em passadeiras e de pessoas que fizeram skydive pela primeira vez. Seguidamente, deram a cheirar o suor a voluntários que não sabiam o que estavam a cheirar. Conclusão: os participantes que cheiraram o suor de quem fez skydive pela primeira vez tiveram uma maior resposta nas zonas do cérebro associadas ao medo, ao contrário dos participantes que cheiraram o suor de quem correu nas passadeiras.
Assim, conseguimos concluir que não só somos contagiados pelas emoções de outros, como contagiamos outros com as nossas próprias emoções. Este contágio acontece tanto por linguagem corporal e microexpressões, como por voz e até por cheiro.
Dica: Da próxima vez que se sentir em baixo, ponha-se em frente ao espelho e exiba um sorriso verdadeiro (daqueles que chegam até aos olhos) durante um minuto. De certeza que notará uma diferença no seu estado de espírito. ■