atómica maio de 2023 | Page 12

INVESTIGANDO A BIOLUMINESCÊNCIA

A investigação do processo de bioluminescência verde em medusas do género Aequorea, permitiu perceber que a produção da luminescência implica um complexo de moléculas (luciferase-oxiluciferina) que transfere energia para uma proteína denominada GFP (Green Fluorescent Protein) que irradia uma intensa fluorescência verde.

Atualmente é possível inserir o gene que codifica para a GFP em células, tecidos e mesmo organismos inteiros, sendo um importante gene repórter na medida em que a sua expressão através da GFP confere marcação fluorescente às células. Pode-se deste modo, seguir o percurso de células cancerígenas no processo de desenvolvimento de metástases em modelos animais, permitindo o desenvolvimento de novos medicamentos e terapias para o cancro.

Consegue-se, pelo mesmo processo, seguir o percurso de células do sistema imunitário durante processos de infeção e perceber a sua ação. A descoberta da GFP abriu portas para importantes aplicações biomédicas e biotecnológicas.

Por este motivo, em 2008, foi atribuído o Prémio Nobel da Química a Osamu Shimomura pela descoberta da GFP e a Martin Chalfie e Roger Tsien pela aplicabilidade biotecnológica e biomédica que essa proteína assumiu nos anos seguintes. De acordo com o Comité Nobel, a GFP é “uma das ferramentas mais importantes na biociência contemporânea pois com a ajuda da GFP, os investigadores desenvolveram formas de observar processos anteriormente invisíveis, como o desenvolvimento de células nervosas no cérebro e a forma como as células cancerígenas se espalham. Usando a tecnologia de ADN, os investigadores podem agora ligar o GFP a outras interessantes proteínas, que de outra maneira seriam invisíveis. Este marcador brilhante permite-lhes ver movimentos, posições e interações com as proteínas marcadas”. O Comité Nobel destaca ainda a importância para a biociência de “mapear o papel que as diferentes proteínas” têm no corpo. ■

Em cima: A medusa Aequorea e o seu sistema de transferência de energia para a GFP.

Em baixo: Visualização de um cancro com uma variante vermelha de GFP.

Osamu Shimomura, Martin Chalfie e Roger Y. Tsien, vencedores do Prémio Nobel.