atómica maio de 2023 | Page 30

Raiva

Esta emoção é representada por uma personagem baixa, larga, vermelha e facilmente irritável, que deita fogo da cabeça quando enfurecida. Apesar de ser considerada uma das emoções mais desagradáveis, com impacto negativo no bem-estar ou até mesmo nas relações sociais de uma pessoa, esta desempenha um papel protetor. A emoção raiva está relacionada com a adrenalina

(C9H13NO3) que provoca uma reação fight-or-flight, preparando uma pessoa para enfrentar um conflito ou perigo.

Quando algo nos irrita, a amígdala é imediatamente ativada, estimulando depois o hipotálamo, que ativa a glândula pituitária, que, por sua vez, ativa as glândulas suprarrenais, localizadas por cima dos rins. Estas segregam diversas hormonas, como é o caso da adrenalina, que levam ao aumento do batimento cardíaco e da pressão arterial.

Outra hormona associada ao sentimento de raiva é o cortisol (C21H30O5) produzido nas glândulas renais, e libertado para a corrente sanguínea quando o corpo está sob stress, tendo, por isso, também um papel importante no medo. O cortisol pode ser considerado um tipo de «droga» antichoque, antistressante e analgésica. A sua libertação provoca o aumento de suor e do batimento cardíaco, uma respiração mais ofegante e boca seca, ajudando  a lidar com o stress. No entanto, quando em  elevadas concentrações  neutraliza as hormonas da tiroide, leva à acumulação de água, sódio e cloro, à perda ativa de cálcio e potássio, ao desenvolvimento de obesidade, à suspensão do metabolismo e, consequentemente, à possibilidade do desenvolvimento de diabetes, osteoporose, depressão, decadência e irritabilidade.

Medo

No filme, o Medo é responsável pela prudência da Riley, evitando o perigo e mantendo-a em segurança. É, por isso, uma personagem cautelosa e medrosa. O medo tem muitas vezes origem no stress, relacionando-se assim com a raiva. Ao tentar proteger o indivíduo em caso de perigo, facilita a fuga numa reação “fight-or-flight”,

Quando estamos com medo (ou com ansiedade), as hormonas que estimulam essa sensação, como a adrenalina, norepinefrina e cortisol, são libertadas. Estas, quando em maiores concentrações, causam um efeito estimulante em  muitos sistemas e órgãos do corpo. Todos esses efeitos são acompanhados por sintomas pronunciados, nomeadamente, tremor das mãos e maxilares,  espasmos musculares, aumento do batimento cardíaco, hipertensão, e expansão vascular no cérebro. Se estas hormonas permanecerem em elevadas concentrações no corpo e por tempo prolongado poderão levar a consequências mais severas, como perda de peso rápida, sobrecarga cardíaca, um efeito destrutivo no fígado e nos rins, depressão prolongada e estreitamento dos vasos da pele e de membranas mucosas.

A adrenalina tem também um papel importante na sensação de medo. Esta hormona é libertada no sangue após um grande susto, como quando não encontramos o nosso telemóvel, e ativa os recursos do corpo para responder à situação. É a principal hormona produzida nas glândulas suprarrenais e é responsável por tonificar e estimular os sistemas respiratório, nervoso, cardiovascular e digestivo e aumentar a capacidade de trabalho de todas as células, a força e a resistência do corpo. Também ajuda a estimular outras hormonas como o cortisol. 

Repulsa

Esta é a personagem responsável por proteger a Riley de agentes externos estranhos, através do “nojo”, ajudando a afastar o que possa magoá-la.

Assim, tal como na raiva e no medo, a repulsa é muitas vezes desencadeada por certos estímulos ou situações que são percecionadas como desagradáveis ou ameaçadoras ao nosso bem-estar (relacionando-se também com a reação fight-or-flight). Alguns dos gatilhos mais comuns de repulsa incluem odores desagradáveis, resíduos corporais, comida podre e fluidos corporais (ou, no caso da Riley, brócolos). Quando encontramos tais estímulos, o nosso cérebro ativa a ínsula e o córtex cingulado anterior, duas regiões envolvidas no processamento de emoções e sensações físicas. Esta ativação pode levar a uma série de respostas físicas e psicológicas, como náuseas, aversão e ansiedade.

Quando sentimos repulsa, a parte ativada do cérebro liberta para a corrente sanguínea substâncias como cortisol, adrenalina, oxitocina e serotonina.  Se cada emoção correspondesse a uma hormona, a repulsa seria a oxitocina.

A oxitocina (C43H66N12O12S2) é produzida no hipotálamo e armazenada na hipófise, intervém na regulação de comportamentos sociais, como nas nossas relações, na amizade e até na sexualidade. Tem ainda como funções atuar durante o parto, reduzindo o sangramento enquanto este ocorre, promovendo as contrações uterinas e até ativando a libertação de leite. Quando em baixas concentrações, pode causar o aparecimento de estados depressivos, tristeza, impotência e falta de empatia. Como a oxitocina afeta a estrutura óssea, a sua falta pode levar à osteoporose. Apesar de ser regularmente associada com o sentimento de alegria, pesquisas recentes sugerem que a oxitocina possa desempenhar um papel na ação da repulsa, particularmente no contexto de rejeição ou traição social. ■