DISCOS DE VINIL
Camila Fernandes e Ricardo Domingues
O armazenamento e reprodução de áudio é uma ciência com uma evolução de mais de um século, que no final dos anos 40 culminou no disco de vinil, que permanece até hoje com o mesmo formato. O seu uso entrou em declínio nos anos 80 devido à introdução dos Compact Discs (CD) e do streaming digital na indústria. No entanto, este formato vintage está sem dúvida a voltar à moda, especialmente entre os mais jovens.
Sendo um formato com longa história, neste artigo iremos explorar o disco de vinil, desde o seu passado, como funciona e até à sua presença na atualidade.
CILINDRO FONOGRÁFICO
Os primeiros ancestrais à tecnologia do disco de vinil são o cilindro fonográfico e o fonógrafo, criados em conjunto por Thomas Edison em 1877. Funcionando mais ou menos como um reco-reco em microescala, o cilindro permitiu, pela primeira vez, a representação e reprodução física de ondas sonoras: no reco-reco, a passagem de uma vareta pelos altos gera um som, e na mesma lógica, a passagem de uma agulha por uma pequena ranhura com sulcos irá gerar um som.
O fonógrafo traduz cada vibração sonora numa oscilação vertical única de uma agulha afiada sob uma camada de cera externa a um cilindro, enquanto este gira em torno de si, gravando assim ranhuras paralelas com sulcos únicos a cada som.
É possível reproduzir o áudio original usando o mesmo aparelho e uma agulha menos afiada, fazendo-a oscilar nos sulcos das ranhuras rodando o cilindro à mesma velocidade a que foi gravado, sendo depois o áudio ampliado por um cone.
DISCOS DE 78 RPM (GOMA-LACA)
Inventados por Emile Berliner em 1888, e entrando no mercado em 1895 juntamente com o seu instrumento de reprodução, o gramofone, os discos de 78 rotações por minuto (rpm), popularmente conhecidos como discos de goma-laca, são uma evolução aos cilindros fonográficos.
Fabricados em goma-laca (uma resina natural misturada com outros materiais), estes discos são rígidos, frágeis e têm uma textura granulada, melhorando o tempo de vida e a qualidade sonora em relação ao cilindro. Além disso, devido à sua estrutura, obtêm-se duas superfícies de gravação iguais dos dois lados, passando-se a ter duas músicas num só disco, uma de cada lado.
O mesmo princípio do cilindro é usado, embora desta vez as ondas sonoras sejam convertidas em oscilações laterais das ranhuras, a partir duma agulha de gravação num disco mestre metálico, coberto de cera ou verniz. O disco mestre gravado é depois banhado em metal para criar uma matriz negativa (chamada de mãe), que serve como molde para prensar os discos finais.
Estes inicialmente variavam de 15 a 30 cm, com velocidades entre os 60 e os 120 rpm, sendo apenas a partir da primeira década do século XX adotado o padrão de 25 cm, com velocidades entre 76 e 80 rpm.
A partir de 1925, com a invenção de métodos elétricos de gravação (microfones, amplificadores e alto-falantes), bem como o apuramento de técnicas que permitiram a redução de ruído, novos estilos musicais e modos de cantar e tocar puderam ser gravados, o que permitiu ampliar os mercados consumidores e os lucros das empresas.
Também os toca-discos evoluíram, passando a ser movidos a eletricidade, como as Electrolas e as Radiolas, que permitiram fixar a velocidade de rotação na reprodução dos discos em 78,26 rpm.
Embora se mantivessem em uso até 1970, o seu declínio começou logo na entrada dos anos 50, com a chegada duma nova evolução deste formato, os discos de vinil.
DISCOS DE VINIL
O disco de vinil foi inventado pela gravadora Columbia records em 1948, apresentando diferentes vantagens em relação aos discos de goma-laca. A goma-laca era um material frágil, não permitia sulcos muito finos e as rápidas velocidades a que eram gravados os discos faziam aumentar a distância entre cada ranhura, diminuindo o tempo de duração de um disco para, no máximo, cerca de 3 a 5 minutos em cada lado.
Os novos discos passaram a ser feitos de policloreto de vinilo (PVC), um material mais maleável, que permitia diminuir o tamanho de cada ranhura e a velocidade de rotação para 45 ou 331⁄3 rpm, resultando em discos com no máximo 30 cm e cerca de 22 minutos de reprodução em cada lado.
As diferentes variedades dos discos de vinil surgiram a partir de uma rivalidade entre as gravadoras Columbia records e RCA Victor, sendo que a primeira fabricava os discos de 331⁄3 rpm e a segunda os de 45 rpm.
Eram vendidos em tamanhos e durações diferentes, nascendo 3 novas formas de compilar música: os LP (Long Play), EP (Extended Play), e singles.
Os singles e EPs existem maioritariamente em discos de 45 rpm. Os singles têm 18 cm, contabilizando cerca de 5 min em cada lado, com duas músicas por disco, e os EPs têm 25 cm, com 9 a 12 minutos em cada lado, compilando cerca de 8 músicas no total.
Já os LPs, com um número variável de músicas, eram exclusivos da Columbia, com o tamanho padrão de 30 cm e 25 minutos em cada lado.
Os gira-discos atualmente permitem ajustar a velocidade de rotação para ser possível a reprodução dos diferentes formatos.