atómica fevereiro de 2025 | Page 12

Lançado em 2013, “The Last of Us“ marcou toda uma geração de videojogos, estabelecendo um novo patamar no ramo do entretenimento virtual ao trazer uma experiência que mistura sobrevivência, o desenvolvimento de personagens icónicos e uma forma única de apresentar uma praga capaz de infetar humanos, transformando-os em zombies e dizimando a civilização moderna.

O sucesso foi tanto que o enredo protagonizado por Joel e Ellie teve continuação, em meados de 2020. “The Last of Us” não só se tornou um clássico dentro dos videojogos como também conquistou o público com a adaptação para série.

Mas quem conhece o fantástico mundo de “The Last of Us” deve estar agora a perguntar-se: afinal, um apocalipse zombie tal como nos foi mostrado é realmente possível?  Podemos ter um futuro igual ou não passa tudo de uma distopia?

A pandemia em “The Last of Us” é causada por um fungo chamado Cordyceps. O que poucos sabem, porém, é que ele existe no mundo real e serviu de inspiração para Neil Druckmann, criador da história, desenvolver o seu mundo pós-apocalíptico.

O Cordyceps, mais precisamente a espécie Ophiocordyceps unilateralis foi descoberto por Alfred Russel Wallace, em 1859, também conhecido por ter apresentado as bases da teoria da evolução, a par  de Charles Darwin. Apesar desta espécie existir, até agora, só causou problemas no comportamento de certos insetos, sendo o caso mais famoso o das “formigas zombie”. Quando os esporos deste fungo entram em contacto com uma formiga da espécie Camponotus cruentatus, eles infiltram-se no seu exoesqueleto e invadem o seu cérebro, obrigando o hospedeiro a abandonar o seu habitat e a subir a uma árvore próxima. Já perto da morte, os talos dos fungos emergem da carapaça da formiga e os seus esporos são libertados e espalham-se, garantido a sua sobrevivência.

 Enquanto não se prevê este apocalipse, só a probabilidade deste universo fictício se tornar realidade, levanta algumas questões.

O professor David Hughes (entomologista e biólogo)  especializado em parasitas,  estudou as  “formigas zombie”  e  trabalhou com os criadores do título “The Last of Us”. Numa das suas palestras, David Hughes fala sobre a probabilidade de uma pandemia global, reconhece que existem relações prejudiciais entre fungos e plantas e o risco das doenças fúngicas no Homem aumentarem. Os fungos desenvolvem resistências a certos medicamentos e adaptam-se às temperaturas mais elevadas expandindo a sua área e infetando mais pessoas nesse processo. Na verdade, isto já representa um perigo para as populações imunocomprometidas. “Os fungos matam mais seres humanos do que a malária”, disse o entomologista.

THE LAST OF US: Poderá acontecer?

Letícia Carreteiro, Margarida Silva e Rodrigo Duarte

Ilustração de António Rodrigues