Lançado em 2013, “The Last of Us“ marcou toda uma geração de videojogos, estabelecendo um novo patamar no ramo do entretenimento virtual ao trazer uma experiência que mistura sobrevivência, o desenvolvimento de personagens icónicos e uma forma única de apresentar uma praga capaz de infetar humanos, transformando-os em zombies e dizimando a civilização moderna.
O sucesso foi tanto que o enredo protagonizado por Joel e Ellie teve continuação, em meados de 2020. “The Last of Us” não só se tornou um clássico dentro dos videojogos como também conquistou o público com a adaptação para série.
Mas quem conhece o fantástico mundo de “The Last of Us” deve estar agora a perguntar-se: afinal, um apocalipse zombie tal como nos foi mostrado é realmente possível? Podemos ter um futuro igual ou não passa tudo de uma distopia?
A pandemia em “The Last of Us” é causada por um fungo chamado Cordyceps. O que poucos sabem, porém, é que ele existe no mundo real e serviu de inspiração para Neil Druckmann, criador da história, desenvolver o seu mundo pós-apocalíptico.
O Cordyceps, mais precisamente a espécie Ophiocordyceps unilateralis foi descoberto por Alfred Russel Wallace, em 1859, também conhecido por ter apresentado as bases da teoria da evolução, a par de Charles Darwin. Apesar desta espécie existir, até agora, só causou problemas no comportamento de certos insetos, sendo o caso mais famoso o das “formigas zombie”. Quando os esporos deste fungo entram em contacto com uma formiga da espécie Camponotus cruentatus, eles infiltram-se no seu exoesqueleto e invadem o seu cérebro, obrigando o hospedeiro a abandonar o seu habitat e a subir a uma árvore próxima. Já perto da morte, os talos dos fungos emergem da carapaça da formiga e os seus esporos são libertados e espalham-se, garantido a sua sobrevivência.
Enquanto não se prevê este apocalipse, só a probabilidade deste universo fictício se tornar realidade, levanta algumas questões.
O professor David Hughes (entomologista e biólogo) especializado em parasitas, estudou as “formigas zombie” e trabalhou com os criadores do título “The Last of Us”. Numa das suas palestras, David Hughes fala sobre a probabilidade de uma pandemia global, reconhece que existem relações prejudiciais entre fungos e plantas e o risco das doenças fúngicas no Homem aumentarem. Os fungos desenvolvem resistências a certos medicamentos e adaptam-se às temperaturas mais elevadas expandindo a sua área e infetando mais pessoas nesse processo. Na verdade, isto já representa um perigo para as populações imunocomprometidas. “Os fungos matam mais seres humanos do que a malária”, disse o entomologista.
THE LAST OF US: Poderá acontecer?
Letícia Carreteiro, Margarida Silva e Rodrigo Duarte
Ilustração de António Rodrigues