Tal como o nome indica, as ilusões de ótica são um fenómeno capaz de enganar a nossa perceção visual, fazendo-nos interpretar imagens por uma perspetiva diferente, ou mesmo reconhecer representações que não estão mesmo lá. Para compreender como funcionam estes fenómenos, é necessário saber como vemos.
No nosso dia a dia, é-nos possível ver coisas diferentes, graças à luz que as ilumina e atinge os nossos olhos. Esta luz é transmitida em impulsos nervosos que são interpretados pelo cérebro da forma mais clara possível, dentro das suas limitações. Devido a estes limites, certas perceções visuais são distorcidas, o que dá origem às ilusões de ótica.
Podemos definir as ilusões de ótica em três tipos: ilusões literais, ilusões cognitivas e ilusões fisiológicas.
Quando a mente recebe informação visual, é comum preencher a imagem com detalhes que, na verdade, não existem. Tanto os olhos como o cérebro escolhem áreas específicas de uma imagem em que se focar, podendo fazer com que esta seja visualizada de duas formas diferentes, causando duas figuras diferentes para emergir separadamente e mudando de uma para a outra dependendo apenas da escolha da nossa mente. Estas são as ilusões literais.
Quando uma ilusão distorce o conhecimento e as suposições do observador relativamente a um elemento e o que está à sua volta, é conhecida como ilusão cognitiva.
Existem quatro tipos de ilusões de ótica cognitivas:
· Geométrica-ótica – está relacionada a distorções de forma, comprimento, tamanho, curvatura e/ou posição.
· Ambígua – dá-se quando imagens de objetos desencadeiam uma troca entre várias possibilidades de perceção, como é o que acontece com os chamados “objetos impossíveis”.
· Ficcional – causa a perceção de uma figura que não está, de facto, na imagem.
· Paradoxa – é feita por objetos improváveis ou paradoxais.
Por último, quando existe estimulação excessiva de um tipo específico (brilho, inclinação, cor, movimento, ...) dão-se as ilusões fisiológicas. A estimulação repetitiva de apenas alguns fatores engana o sistema visual.
Na Grécia Antiga, as ilusões de ótica já eram conhecidas pelos arquitetos. Dessa forma, muitos sabiam que para a criação dos edifícios grandiosos que havia em mente, não seria possível construir em linha reta, pois o olhar humano iria interpretar a construção como estando torta. Por isso, era necessário fazer o contrário: construir de forma sinuosa para dar uma aparência direita.
Tal foi o caso do templo Parténon, em Atenas, em que as colunas foram feitas de forma mais fina, e os primeiros tambores* que as constituíam foram engrossados. A distância entre elas aumentou e os seus eixos foram ligeiramente inclinados para o centro do edifício, bem como as colunas do centro se tornaram mais pequenas que as restantes. No entanto, olhando para o templo, ele aparenta ser totalmente direito. ■
*as colunas eram construídas com vários cilindros de pedra colocados uns por cima dos outros. São conhecidos como tambores.