atómica fevereiro de 2024 | Page 34

Sou menor e vacinado

Por: Maria Luisa Rodrigues

Existe muita desinformação em relação às vacinas e à sua eficácia. Assim, é importante procurarmos fontes fidedignas quando pesquisamos sobre este tema procurando tomar decisões informadas que não prejudiquem a nossa saúde e a dos que nos rodeiam.

Se quiseres aprender mais sobre as vacinas e perceber como é que atuam no nosso organismo, protegendo-nos das mais variadas doenças, este artigo é para ti.

Os ingredientes das vacinas

As vacinas são constituídas por: antigénios, conservantes, estabilizadores, surfactantes, resíduos, diluentes e adjuvantes. O antigénio é uma molécula capaz de desencadear uma resposta imunitária. Os conservantes são substâncias que permitem aumentar o tempo útil da vacina, tendo em conta que impedem a contaminação da vacina quando esta entra em contacto com o exterior. Os estabilizadores impedem que ocorram reações químicas na vacina e que os componentes da vacina adiram às paredes do frasco. Os surfactantes mantêm os restantes compostos da vacina misturados. Os resíduos são pequenas quantidades de ingredientes não ativos provenientes de substâncias usadas na produção da vacina. Os diluentes permitem obter a concentração desejada. Por fim, os adjuvantes auxiliam o sistema imunitário, garantindo que a vacina não terá consequências negativas na saúde da pessoa vacinada.

O funcionamento das vacinas

As vacinas podem conter partes enfraquecidas ou inativadas de um agente patogénico ou a matriz para produzir antigénios, originando uma resposta imunitária protetora específica para um ou mais agentes infeciosos. O conteúdo da vacina não causará o surgimento da doença, mas provocará uma resposta atenuada, conduzindo à produção do anticorpo específico para o agente e à produção de células de memória que ficam “guardadas”.

Após a vacinação, se o indivíduo for novamente exposto ao mesmo agente patogénico, a resposta do organismo será mais rápida e mais eficaz, uma vez que as células de memória já saberão como atuar, permitindo ao sistema imunitário eliminar o agente patogénico.

A produção das vacinas

As vacinas podem ser produzidas, através de três métodos diferentes: o enfraquecimento do microrganismo causador da doença através de culturas sucessivas (utilizado, por exemplo, para produzir a vacina contra o sarampo, rubéola e papeira), a extração das partes do agente patogénico que provocam a resposta imunitária (utilizado na produção da vacina contra a meningite C) e o enfraquecimento da toxina que o microrganismo produz (utilizado na produção da vacina contra o tétano).

Os diferentes tipos de vacinas

As vacinas variam quanto ao agente patogénico a que se adequam e à via de administração. Algumas, como é o exemplo da vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa, atuam simultaneamente sobre mais do que um agente patogénico. Outras, como é o caso da poliomielite, atuam apenas num agente. Podem ser administradas por: via oral, via intradérmica (na superfície da pele), via subcutânea (nas camadas mais interiores da pele) ou via intramuscular.

A autorização das vacinas

Antes de poderem ser administradas, as vacinas têm de ser submetidas a um longo processo, de forma a avaliar a sua segurança e potencial para prevenir a doença. Inicialmente ocorre a investigação em laboratório e em animais. De seguida são realizados ensaios em humanos que podem durar vários anos. Finalmente a vacina é introduzida na comunidade sob vigilância, de modo a verificar a sua eficácia e analisar possíveis efeitos secundários que não tenham sido anteriormente identificadas.

Imunidade de grupo

Nem todas as pessoas podem ser vacinadas, dado que podem ter patologias que enfraquecem o seu sistema imunitário (como cancro ou VIH) ou alergias graves a alguns componentes da vacina. Existem também aquelas que optam pela não vacinação.  Contudo, também podem ser protegidas graças a um processo denominado imunidade de grupo.

Quando a maioria da população estiver vacinada, ou seja, tiver imunidade perante um determinado agente patogénico, este terá maior dificuldade em propagar-se. Como tal, quanto mais pessoas forem vacinadas, menor será o risco para os indivíduos não vacinados se ficarem expostas a agentes patogénicos perigosos.