Relativamente à construção de sabres de luz, a quantidade de corajosos que a tentaram/tentam realizar consegue ser contada com os dedos de uma mão. Isto, diz-nos James Hobson, criador do canal de YouTube Hacksmith Industries e personagem principal desta secção do artigo, deve-se à dificuldade em encontrar pilhas D com capacidade de gerar mais energia que uma central nuclear. Desta forma, os “lightsabers” que Hobson tentou criar eram, tecnicamente, “protosabers”, por necessitarem de uma fonte de energia externa.
Ainda assim, o engenheiro conseguiu criar quatro protótipos imperfeitos de protosabers: No primeiro, foi utilizado fio de nitinol, ou níquel-titânio. No segundo, optou-se por uma versão híbrida de lâmina de titânio e tungsténio. O terceiro tinha a mesma composição, mas foi adaptado para conseguir ser utilizado numa “guerra de sabres de luz”, que, comenta o criador, era “extremamente insegura”. O quarto, e final, protótipo, foi uma tentativa de recriar o lighsaber de Kylo Ren, famosa personagem do universo ficcional STAR WARS, portadora de um não menos famoso sabre de luz. Para o efeito, utilizou-se uma pega de titânio, impressa por uma impressora 3D e uma lâmina de titânio e tungsténio, como a anteriormente referida. Este sabre de luz, refere Hobson, parece-se visualmente com um sabre de luz, faz o som de um sabre de luz e ainda corta objetos como um sabre de luz a mais de 3000 ºF (aproximadamente 1649 ºC)
No entanto, a Internet não pareceu satisfeita com estas tentativas, o que levou Hobson a outra tentativa de criar um sabre de luz de plasma. Mas como funcionam?
A melhor teoria sugere que o plasma é retido num feixe devido a um campo magnético, o que é, de um ponto de vista científico, válido. O problema é, precisamente, criar um campo magnético que contenha uma lâmina, o que levaria o sabre de luz a ter de ser construído dentro de uma caixa revestida em ímanes, invalidando o propósito de um sabre de luz à partida.Apesar deste “contratempo”, a equipa das Hacksmith Industries foi capaz de criar um sabre de luz com lâmina retrátil e ainda mudar a sua cor. Para obter o efeito de luz “lisa/suave”, foi utilizado o escoamento laminar, que, no fundo, resume-se a um escoamento controlado de um líquido de maneira que pareça que o fluxo é inexistente, como se o líquido estivesse congelado ou parado no tempo. Para a pega deste sabre de luz foram utilizados materiais como o bronze, cobre, vidro inoxidável e até couro. Para imitar a câmara de aquecimento feita do cristal Kyber, foi utilizado fio eletroluminescente (fio EL) e uma lâmpada néon, produzindo assim um efeito no escuro como o dos filmes. Os tubos de cobre visíveis nesta pega carregam os gases inflamáveis e os botões de ajuste são acessíveis. Mas como é que a energia vai ser fornecida a esta pega? Infelizmente, não é possível ignorar as Leis da Termodinâmica, por isso, é necessária uma fonte de energia externa, tornando, uma vez mais, este lightsaber num protosaber. De maneira a obter um combustível denso com mais energia, foi usado gás propano líquido (LPG) comprimido, do qual se obtém 50 vezes mais energia por quilograma que uma bateria polímera de lítio (LiPo). Em seguida, é utilizado um tubo de sopro, tipicamente utilizado para trabalhar o vidro. Para alcançar a temperatura máxima, foi utilizado também oxigénio, para além do propano, de modo a obter combustão total. O feixe criado atinge os 4000 ºF (aproximadamente 2204 ºC), o que lhe confere o poder de cortar os mais diversos objetos, incluindo a lâmina de titânio dos protosabers anteriormente produzidos. Depois, Hobson utilizou diversos compostos químicos para conferir à chama diferentes cores: ácido bórico criou uma cor esverdeada; cloreto de cálcio criou uma cor de resina/âmbar; cloreto de estrôncio criou vermelho e cloreto de sódio/sal criou amarelo, como o lightsaber da Rey. O próximo passo para a construção deste lightsaber foi a criação de válvulas de controlo da quantidade de gás, para que fosse utilizado um único botão que permitisse “ligar e desligar” o sabre de luz e controlar quão longe a luz chega. Por fim, foi construída a fonte de energia externa, finalizando assim o protosaber. Este é totalmente funcional, ainda que não tenha muitos usos no nosso mundo. Com sorte a próxima recriação da Hacksmith Industries será um portal para o universo de STAR WARS, para que James Hobson consiga utilizar este seu sabre de luz.
Vejamos: um sabre de luz é uma espada muito especial, de lâmina retrátil, feita de plasma. Não, meus amigos, não se trata de uma espada LASER! Isso é uma ideia antiquada. Aliás, pensem: dois feixes de luz LASER passam um pelo outro, certo? Luz deste tipo fica excluída por esta simples razão. A este propósito há uma troca de tweets engraçada (na altura o Twitter ainda não era X…) entre Neil deGrasse Tyson, o famoso Astrofísico e comunicador de Ciência Americano e Brian Cox, o não-menos famoso Físico Inglês, Professor na Universidade de Manchester. Dizia Neil Tyson que se os sabres de luz fossem feitos de luz, então passariam uns pelos outros, o que seria inútil para defesa. Ao que Brian Cox responde que se os fotões tivessem energia muito elevada, haveria probabilidade de colisão entre eles! E daqui percebemos que precisaríamos de uma fonte de luz de elevadíssima energia e não de mera luz visível.
A fonte de energia de um sabre de luz é, no Universo ficcional STAR WARS, uma espécie de bateria, chamada célula de diatium. Ao ativar o sabre de luz, a energia da célula passa por uma série de lentes e pelo tal Cristal Kyber, produzindo-se assim um feixe de plasma a altas temperaturas, contido por um campo magnético que permite dar a esta arma a sua forma distinta. Aqui na Terra, no nosso momento no espaço e no tempo, não existe nada chamado diatium, nem Cristais Kyber, mas plasma, nós sabemos o que é. Ora bem, o plasma não é um sólido, não é um líquido e não é um gás: é conhecido como sendo o quarto estado da matéria.