DEADPOOL
Deadpool e Spiderman são duas personagens queridas da Marvel, tendo ambas constituído dos maiores êxitos da companhia; mas será que o conceito dos seus super-poderes tem algum fundo realista?
Terem capacidades super-humanas não significa, por si só, que elas não sejam, em algumas partes, baseadas na realidade, ou cientificamente possíveis.
Vejamos o primeiro.
Deadpool fez a sua aparição inicial na capa nº 98 da série de banda desenhada “The New Mutants”. É, portanto, também um mutante.
Os seus criadores decidiram atribuir-lhe super-poderes extraordinários, sendo o mais relevante a alta capacidade de regeneração de quaisquer danos sofridos pelo seu organismo. Esta habilidade é maravilhosa, mas como a obteve? Será imaginável este caráter regenerativo manifestar-se em seres humanos?
No filme, Deadpool ganhou os seus poderes entrando num programa experimental ilegal, que tinha como objetivo despertar o já mencionado gene-X (mutação genética humana em pessoas que o tivessem desbloqueado), com a promessa de que o seu cancro seria curado. Embora a cura tenha ocorrido, Deadpool sofreu extremos dor e desconforto em situações tremendas, como eletrocução, hipotermia, tortura física, injeções químicas e, por fim, um estado intermitente de asfixia que foi bem sucedido na ativação do gene-X.
Existem na verdade seres vivos capazes dessa proeza. Um deles é a medusa imortal (Turritopsis dohrnii). Esta espécie de alforreca, descoberta no final do séc. XIX no mar mediterrâneo, tem a capacidade de, quando se sente ameaçada, ferida e/ou à beira da morte, reverter para o seu estado de nascença, podendo manter este ciclo de envelhecimento e rejuvenescimento eternamente. Depois da descoberta desta habilidade espantosa, muitos cientistas partiram na busca de desvendar o processo. Após alguns anos de pesquisa, uma equipa de 14 investigadores da universidade de Oviedo descodificou o DNA desta medusa e descobriu que ela não só possui o poder de replicar o seu DNA, como também de recuperar e reparar os telómeros (estrutura dos cromossomas encarregada de os proteger e separar).
Os investigadores espanhóis mencionaram que este processo só é possível devido à simplicidade da estrutura biológica da medusa, porém esperamos que através do estudo mais aprofundado venhamos a obter alguma forma de atingir algo similar à imortalidade de Deadpool, sem necessitarmos de rejuvenescer até à nossa infância.
SPIDER-MAN
Outro super-herói investigado foi o Spider-Man. O célebre Homem-Aranha surgiu em agosto de 1962 no nº15 da série Amazing Fantasy da Marvel Comics.
Depois de mordido por uma aranha radioativa, Peter Parker recebeu algumas qualidades do inseto. Por causa da mordida, o adolescente ganhou um sexto sentido que o alerta para o perigo, super-força e, em algumas variantes da personagem, a capacidade de lançar teias de aranha pelos seus pulsos (outras versões utilizam teias artificiais criadas por si).
Spider-Man sempre se revelou uma inspiração e uma esperança para crianças tímidas, mas ninguém imaginou realizar as suas proezas, e com razão. Embora a radioatividade possa ser transmitida fisicamente por alguém ou algo já "carregado", as repercussões serão sempre negativas, manifestando-se, entre várias formas, como cancros, deformações físicas, doenças, falha de órgãos vitais, etc.
Posto isto, a partir de procedimentos diferentes do da ficção, os seres humanos já tornaram possíveis algumas das habilidades deste incrível super-herói.
A companhia Americana Sarcos Technology and Robotics Corporation anunciou o projeto Guardian® XO® em 2018, com o objetivo de ajudar pessoas em trabalhos exigindo um esforço físico que poria demasiado stress sobre os seus músculos, o que eventualmente levaria a danos instantâneos e de longo prazo. O Guardian® XO® é um exoesqueleto movido a baterias, o qual, essencialmente, fornece, às pessoas que o envergam, super-força. Ao vestir este exoesqueleto, não só se adquire um novo sentido de estabilidade corporal ao realizar trabalhos de esforço, sem treino muscular elevado, como se é capaz de levantar 90 kg facilmente, sem qualquer dano corporal, durante uma substancial quantidade de tempo. O exoesqueleto responde a movimentos corporais e funciona quase como uma extensão do corpo do trabalhador, facilitando a movimentação e possibilitando que a velocidade de trabalho não diminua. A super-força deste exoesqueleto acaba por ser semelhante à força que Peter Parker imediatamente ganha após ser mordido pela aranha.
As teias de aranha do Spider-Man não seriam capazes de suportar o peso de um ser humano realizando um movimento pendular, principalmente de alturas como as de que ele se projeta. Dito isto, sim, é verdade que, fazendo uma comparação proporcional (ou seja, reduzindo ambas as amostras a tamanhos equivalentes), as teias de uma aranha são mais fortes do que um fio de aço e têm mais flexibilidade do que um fio de náilon.
A proeza de balançar de prédio em prédio não seria possível, mas a um nível mais humano esta proeza já foi de facto realizada. O YouTuber Built IRL, num vídeo cujo objetivo era mostrá-lo a baloiçar como o super-herói, conseguiu, através de um dispositivo de combustão e de uma corda resistente (inspirada em velcro) com ganchos, balançar-se de um lado para o outro, nas vigas metálicas de um ginásio, tal e qual a personagem.
Em relação ao sexto sentido do herói, é verdade que os pelos das aranhas são ultra-sensíveis a mudanças de vibrações no ambiente em que se encontram, possibilitando assim o constante estado de alerta do animal. Ao estenderem teias (que são muito suscetíveis a movimentos) e ao repousarem sobre elas, as aranhas conseguem sentir as vibrações de tudo o que tocar na teia.
Infelizmente para qualquer aspirante a Spider-Man, este “sexto sentido”, por agora, mantém-se exclusivo das aranhas, sendo o mais próximo que nós alcançamos deste sentido a habilidade de notar mudanças de temperatura, ou algumas doenças através de arrepios.
HULK