atómica fevereiro de 2023 | Page 18

Por exemplo, enquanto nos Estados Unidos uma pessoa consome em média 575 litros de água por dia, nos países pobres a maior parte dos habitantes dispõe de apenas 15 litros, revelando as grandes desigualdades económicas e sociais existentes ao redor do globo.

Ao longo do século XX, o uso mundial de água cresceu mais do que o dobro da taxa de crescimento populacional, razão pela qual cidades como Roma, Lima e Cidade do Cabo  se vêm obrigados a racionar  a água.

Atualmente, 783 milhões de pessoas no mundo vivem sem água, mas este número pode chegar a 1,8 biliões em 2025.

“A água promete ser para o século XXI o mesmo que o petróleo foi no século XX: a matéria-prima mais preciosa a determinar a riqueza das nações”. A frase, publicada há muito na revista “Fortune” denota o papel que a água terá na economia global, mas com uma diferença em relação ao petróleo, é um bem insubstituível.

O reúso da água (ou água reciclada), a dessalinização, assim como a semeadura de nuvens ou a coleta de água de neblina são apontadas como alternativas para o futuro.

No entanto, e apesar de em quase todo o planeta as leis considerarem a água como um bem comum de domínio público, em dezembro de 2020, no estado da Califórnia, esta passou a ser cotada em Wall Street, revelando uma preocupação  crescente com este recurso único, ou melhor dizendo, a falta dele.

As mudanças climáticas afetam a disponibilidade, a qualidade e a quantidade de água para as necessidades humanas básicas. As consequências surgem em cascata na segurança alimentar, na saúde humana e até gerando migrações e conflitos por acesso à água 

Em julho de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu o direito humano à água e ao saneamento. 

Mais recentemente, em 2022, no 9º Fórum Mundial da Água, o encontro mais importante consagrado à gestão da água à escala global, realizado em Dacar, a organização estimou que o consumo de água deverá aumentar, em média, 1% por ano durante os próximos 30 anos. 

Na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, adotada por todos os Estados-Membros das Nações Unidas em 2015, existem 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) que representam um apelo urgente à ação de todos os países.  No ODS 6 defende-se o acesso universal e equitativo à água potável e ao saneamento até 2030.

Queremos acreditar que tantas e tão boas intenções manifestadas pela Humanidade, se concretizarão sem que o Homo sapiens sapiens tenha de recorrer aos “X-men” que povoam esta revista.

Terminada esta sentida apologia da água, talvez, cada um de nós olhe para a água que acompanha o seu café com um outro olhar…