Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao eterno templo;
Os olhos da real benignidade
Ponde no chão: vereis um novo exemplo
De amor dos pátrios feitos valerosos,
Em versos divulgado numerosos.”
(C.I, 6-9) (...)
17
“Em vós se vêm da olímpica morada
Dos dois avós as almas cá famosas,
Uma na paz angélica dourada,
Outra pelas batalhas sanguinosas;
Em vós esperam ver-se renovada
Sua memória e obras valerosas;
E lá vos tem lugar, no fim da idade,
No templo da suprema Eternidade.
18
Mas enquanto este tempo passa lento
De regerdes os povos, que o desejam,
Dai vós favor ao novo atrevimento,
Para que estes meus versos vossos sejam;
E vereis ir cortando o salso argento
Os vossos Argonautas, por que vejam
Que são vistos de vós no mar irado,
E costumai-vos já a ser invocado.”
(C.I, 17 e 18)
Publicado em 1572, com o
patrocínio de Dom Sebastião,
jovem monarca que com 14
a n o s a ss u m i u o t ro n o
português em 1568, a
Dedicatória do poema é
dirigida a ele. Nas oitavas que
seguem essa parte
introdutória, Camões
apresenta o monarca como
uma dádiva de Deus, símbolo
de esperança em Portugal.