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Poesia Épica de Camões
“Os Lusíadas”, publicado em 1572, sob a proteção do Rei Dom
Sebastião, tem como assunto central a viagem de Vasco da Gama às
Índias (1497-1499). Mais do que um herói individual, o navegador é
símbolo de toda nação lusitana, valorizando as conquistas
ultramarinas e as novas terras descobertas na África, Ásia e América.
Os ideais de expansão territorial são ligados aos ideais de expansão da
fé, como atesta o primeiro verso da obra, transcrito a seguir:
1
“As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
3
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.”
(C.I, 1-3, Os Lusíadas – Proposição do poema)