Ateneu Literatura - Metrificação e Rima | Page 3

Poema, do grego “poiema”, que significa “o que se faz”,é uma composição literária em verso, ou segundo Octávio Paz,"um organismo verbal que contém, suscita ou segrega poesia” ( Moisés, M., Dicionário de Termos Literários, São Paulo: Brasil, Editora Coltrix, 1974, p.400) Conceitualmente podemos diferenciar “poema” de “poesia”. Na maioria dos casos essas definições teóricas não são tão relevantes, dado o uso de “poema” como sinônimo de “poesia”. Porém, o “poema” seria a parte material do texto, ou seja, o texto em si e sua estrutura básica, sua organização em versos, que num primeiro olhar conseguimos identificar. A “poesia” seria a tomada do “poema”, ou seja, o contato com o texto no ato da leitura, onde percebemos seus aspectos construtivos como a métrica, estrofes e rimas, bem como seu sentido. A teoria literária tende a dar um suporte para o leitor. Através dela, poderemos perceber que a parte material (=poema) tem que ser associada ao conteúdo (=sentido) brotando dessa junção a poesia. O poema é o concreto, a poesia o abstrato. O texto exemplificado acima, a princípio é um poema; quando o lemos extraímos do mesmo a sua “poesia”. É importante que o aluno perceba que para compreendermos a essência poética devemos ter um aporte teórico dos elementos que estruturam o texto versificado. Em sua evolução, até a época do neoclassicismo (segunda metade do séc. XVIII), o conceito de poema, era praticamente incontestado: era o texto literário que se distinguia da prosa pela sobrecarga de regras aliadas a recursos estilísticos, que fazia o discurso ser incomum, não usual, criativo e em sentido conotativo (=figurado). Elementos de estilo, como as figuras sonoras, de polivalências, de ambiguidades, de rompimentos com as normas tradicionais entre outros, fizeram da poesia uma arte nobre. A partir do pré-romantismo, desencadeou-se uma revolução do conceito do poético em que o poema aproxima-se cada vez mais da prosa literária. A renúncia aos esquemas métricos, rítmicos e estróficos tradicionais passam a ser símbolo de uma época tocada pela Revolução Francesa, onde a rebeldia passa a ser palavra de ordem. Cada verso é um recorte no contínuo do discurso, estabelecendo pausas fônicas independentemente das pausas sintáticas. No Modernismo do século XX, o conceito de poetização relega para segundo plano os esquemas formais, concentrando-se mais num objeto ou numa realidade sentida e descrita artisticamente. As Vanguardas Europeias artísticas influenciaram muito no abandono das regras, dando uma noção libertária à arte. Foi uma transição secular e universal.