As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 210
a corrupção, tentando com isso alcançar um parâmetro razoável
para se dizer que um país é mais, ou menos, corrupto do que
outro. O encontro de um “corruptômetro” assemelha-se à busca
pelo Santo Graal.
A isso se dedica a ONG Transparência Internacional, que
desde 1995 publica o relatório anual Índice de Percepção da
Corrupção, que colige dados arrecadados por 13 instituições internacionais, entre elas o Banco Mundial, os bancos asiático e
africano de desenvolvimento e o Fórum Econômico Mundial,
classificando 176 países do mundo de acordo com o modo como
a população percebe o que há de errado nos relacionamentos
entre cidadãos, agentes públicos e políticos. A TI entende a corrupção como abuso de poder para ganhos privados, concentrando-se em avaliar como isso ocorre no setor público. A nota varia
de 0 (muito corrupto) a 100 (muito íntegro). Na edição de 2012,
por exemplo, o ranking trazia no topo, como países mais transparentes, a Dinamarca, a Finlândia e a Nova Zelândia. O Brasil
ocupava a posição 69, com nota 43. Na América Latina, a liderança estava com Chile e Uruguai, com nota 72.
Pretende-se assim demonstrar que a grande maioria dos países (e especialmente os países em desenvolvimento) apresenta
índices alarmantes de corrupção. Nenhum país tem pontuação
máxima, dois terços deles estão abaixo de 50, sugerindo que a
corrupção é um grave problema mundial, que afeta de modo
expressivo as comunidades e prejudica países inteiros, além de
minar a confiança da população nos governos e instituições.
Rankings desse tipo, porém, são discutíveis e bastante imprecisos. Podem ser facilmente manipulados. Ajudam a que se sonde
o ambiente, mas têm baixo poder explicativo e não conseguem
registrar os avanços que os países obtêm no combate à corrupção (ABRAMO, 2005; SPECK, 2002).
No caso brasileiro, é importante que se leve em consideração
o que tem sido feito. Há por aqui, ao menos desde 1990, um
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