As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 207

N ão há dados cabais que comprovem o que quer que seja. O termo comporta significados diversos, embora esteja quase sempre reduzido à dimensão financeira. E tende a ser usado, quase como um adesivo, para qualificar (ou desqualificar) os políticos, sejam eles de que partido for. É assim, mas a corrupção é cada vez mais vista, pensada e percebida pelos cidadãos como um problema de larga escala, que não sai de cena e parece crescer a cada dia. Isso em que pesem a categórica condenação que sofre da opinião pública, as punições exemplares que ocorrem e os esforços generalizados que governos, políticos e gestores fazem para debelá-la. A pergunta, portanto, que fica é: estará crescendo mesmo a corrupção, ou é a nossa sensibilidade diante dela que aumentou? Há uma maré montante da corrupção ou o destaque que se dá aos fatos que espocam aqui e ali é que está fazendo com que o fenômeno ultrapasse a dimensão do razoável? Três coisas deveriam ser enfatizadas inicialmente: (1) Não há monopólio da corrupção por parte deste ou daquele grupo, partido político ou entidade; todos estão sujeitos a ela, passiva ou ativamente, e todos podem vir a praticá-la, ativa ou passiva- 205