As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 105

Orgulham-se de si próprios porque acham que é assim, com violência, que “a história avança”. Não querem confluir para nenhuma maioria, porque acham que as maiorias são passivas e “dóceis”. Infiltram-se no meio das multidões para desmoralizá-las. Usam máscaras porque precisam de identidade. Mascarados que batem e quebram não são progressistas, nem muito menos radicais da democracia. Democratas radicais não agem às escondidas, na calada da noite. Não humilham ou coagem trabalhadores. Não usam da violência, sequer da verbal. Não usam máscaras, pois não são clandestinos de si próprios. Caso diferente, mas nem por isso merecedor de aplausos, é o dos black blocs. O que fazer com eles? Não são de esquerda, agem com táticas fascistas, infiltram-se sibilinamente no meio das multidões para desmoralizá-las. Dizem-se libertários, anarquistas, mas sabem pouco sobre a gloriosa história do anarquismo. Ressignificam seus símbolos e seu discurso porque precisam de uma identidade, com a qual paradoxalmente não se identificam de verdade. Justificam-se dizendo que atacam símb