ANTONIO - A SUA MAIS NOVA REVISTA - SAÚDE - Primeira Edição ANTONIO - A SUA MAIS NOVA REVISTA - Primeira Ediç | Page 30

MENOS ANSIOSO COM ÔMEGA-3 Essa gordura tem empolgado agora no combate à ansiedade, problema que aflige 18 milhões de brasileiros. É mais um motivo para colocar peixes e sementes na rotina por REGINA CÉLIA PEREIRA | design ANA PAULA MEGDA e LETÍCIA RAPOSO | fotos DULLA | produção INA RAMOS N a receita de uma mente ansiosa, preocupação e nervosismo estão entre os principais ingredientes. Juntos e em excesso, fazem desan- dar a qualidade de vida e rendem prejuízos ao corpo todo. Para que a situação não saia do controle, é crucial misturar diagnóstico, sessões de psicoterapia e, se for necessário, medicação na dose certa. Ao que tudo in- dica, porém, a lista de itens aliados deve crescer. Anote aí: sardinha, salmão, linha- ça, chia... Fontes de EPA, DHA e ALA, siglas que fazem referência ao ômega-3, esses ali- mentos despontam em pesquisas por sua atuação contra a tensão mental. Um estudo brasileiro recém-saído do forno acaba de fisgar essa associação. Faz sentido, já que nosso país ocupa o topo do ranking mundial de ansiosos. Para sua tese de doutorado, defendida na Universidade de São Paulo (USP), a nutricionista Lara Na- tacci analisou dados do Estudo Longitudi- nal Brasileiro de Saúde do Adulto — Elsa- -Brasil, coletados em Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória. Foram esmiuçados questionários sobre os hábitos alimentares e a ocorrência de distúrbios entre 12 268 adultos. “Tudo validado pela classificação internacional de 34 • SAÚDE É VITAL • JANEIRO 2019 doenças (CID)”, comenta. Conclusão: os maiores consumidores de ômega-3 apresen- taram menor risco de sofrer de ansiedade em relação às pessoas com baixa ingestão. Ou seja, os pescados ocupam o centro da mesa da turma de cuca fresca. Embora a pesquisadora ressalte que falta muito para elucidar os efeitos da gordura desses alimentos na massa cinzenta, não resta dúvida de que seu potencial anti-in- flamatório entra na jogada. Há evidências de que o consumo de ômega-3 favoreça a produção de resolvinas e ajude a diminuir a quantidade de citocinas. Traduzindo: essa gangorra na fabricação de substâncias é que colabora para o controle da inflama- ção. “Ocorre, então, uma melhora na co- municação entre os neurônios. Além disso, certas áreas do cérebro, como o hipocam- po, são preservadas”, explica Lara. Não é de hoje a constatação de que nos- sa cabeça tem fome dos tais ácidos graxos poli-insaturados. Eles compõem muitas es- truturas cerebrais. Não à toa, o homem pa- leolítico se estabeleceu em torno de lagos, rios e mares. Atualmente, com tanta facili- dade, em um país banhado por tanta água, não tem desculpa para ficar sem peixe no prato. Tá nervoso? Vá pescar!