Andamento #1 Conservatório de Música de Sintra | Page 29

do ponto de vista do professor o que ele fez comigo quando eu era aluna . AA : Foi a experiência completa . IL : Sim , houve um fechar do ciclo . Estava particularmente empenhada em ser boa aluna já no mestrado , para lhe provar que aquele investimento tinha valido a pena . Valorizo imenso o que fez por mim e acho que me inspirará sempre a tentar ser igualmente especial para os meus alunos , sobretudo para quem tem dificuldades ou possa ter bloqueios . Numa aula individual há um grande potencial de influenciar um aluno positivamente e é ao mesmo tempo uma grande responsabilidade que não pode ser levada com leveza , e uma oportunidade incrível .
AA : O conservatório ainda é influenciado pelo ensino musical do período romântico , é um ensino bastante rígido e com pouco foco na dimensão pessoal . Com o surgir de novas formas de pensamento , como por exemplo a da Teoria de Aprendizagem Musical de Edwin Gordon e de muitos mais teóricos , tem sido possível sensibilizar mais os profissionais do ensino para esse lado , para o lado pessoal e humano .
Sentes que essa dimensão é a base do ensino musical ? IL : Eu sinto que sim , não sinto que isso esteja estabelecido de todo no ensino . Estavas a falar do Gordon ... mesmo os testes de aptidão musical baseados no Gordon têm o problema à partida de testar o aluno num só momento , sem comparação , sem contexto , avaliando se está a tocar bem , sem fazer ideia do seu real potencial enquanto aluno . Só seria possível avaliar o potencial do aluno - mas implicaria um maior investimento por parte dos professores e das escolas - se separássemos a avaliação em , pelo menos , dois momentos , e a verdadeira nota do aluno fosse feita com base na comparação entre o primeiro e o segundo momentos e não uma avaliação direta a partir da ideia de que se tocou bem vale “ x ”. Isso é um equívoco muito grande . Acho que consigo perceber melhor um aluno , mesmo que seja muito fraco , se puder ouvi-lo tocar uma vez , dar- -lhe algumas indicações para trabalhar em casa , e daí a uma semana ouvi-lo novamente e ele tocar de uma forma completamente diferente . Esse é um aluno que eu quero . Se ele era muito fraco e no espaço de uma semana é um aluno mediano

(...) um bom professor tem que jogar nestas três frentes : paixão , contacto e personalidade . Se tiver um aluno que tem o contacto e que adora música , mas tem uma enorme falta de confiança , não gosta de arriscar , é aí que eu vou focar a minha atenção enquanto professora .

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