A - Como começou a vossa jornada pelo mundo da sustentabilidade e o que é que vos alertou para esta temática?
R.C. - As mudanças começaram pela alimentação. Inicialmente foi à medida que começamos a perceber o impacto das nossas escolhas alimentares e das embalagens no planeta. Numa segunda fase, já em Portugal, com a “casa” em Campo de Ourique [antigo restaurante], começamos a aprofundar ainda mais a nossa procura de conhecimento, a nossa experiência a trabalhar diretamente com produtores, perceber o que é que ia acontecendo à nossa volta e sentimos que fazia sentido dar um passo mais além. Mas só fazia sentido se tornássemos o novo restaurante um ícone de sustentabilidade. Tudo aqui é reutilizado: desde a mesa do restaurante, aos panos e até a água do lavatório é reutilizada para a descarga do autoclismo. As cadeiras são em 2ª mão, os talheres e copos foram doados, a loiça é toda feita com barro nacional. A nossa Eva, a nossa compostura é o exemplo máximo desse esforço de sustentabilidade e reaproveitamento. A Eva dá uma segunda vida a todo o tipo de matéria orgânica que nós não consigamos reaproveitar.
A - O vosso conceito é extremamente inovador em Portugal. Na verdade existem apenas 3 restaurantes do género na Europa. Sentem que Portugal se está a adaptar a estes hábitos mais sustentáveis?
M.A. - Esse trabalho com os produtores ainda está a ser feito. Neste momento não há dados relativamente ao compostor, este que nós temos é único em Portugal, é uma coisa desconhecida. Dois produtores já levaram o composto, estão a fazer testes… Além disso, queremos enviar para testes laboratoriais, para ter a certeza da riqueza ou pobreza deste composto.
R.C. - O adubo é muito caro e se nós pudermos ter uma alternativa que nos permita ter esta ligação direta com os produtores e facilitar o seu acesso ao composto – melhor ainda. Os produtores vêm cá fazer as entregas e levam o composto. Os produtores mais antigos, de uma forma geral, são quem está mais aberto a trabalhar desta forma - porque faz-lhes todo o sentido não usar embalagens, antigamente tanmbém não usavam.
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