AGOSTO 2020 | Page 9

O PAI EM OBRAS

Era uma vez um cara magrelo e cabeludo que amava Led Zeppelin, futebol e carros. Ele trabalhava, saia com os amigos e tinha até uma equipe de som: A “Karma Som”.

A vida era boa, mas ele sentia que faltava algo...

Então, um dia ele conheceu a menina que morava no prédio da frente e a achou muito maneira, afinal, ela tinha lindos olhos azuis, também era cabeluda e super descolada. Eles se amaram e se casaram, mas ainda faltava alguma coisa....

Um dia, eles tiveram uma filha, uma bolinha branca e também cabeluda, e aquele vazio que existia na vida dos dois começou a ser preenchido. Anos depois, veio a segunda bolinha branca e muito muito cabeluda. E muitos anos depois nasceu a terceira bolinha, que não era tão branca, mas era bem cabeluda...

Finalmente, todos se sentiram absolutamente preenchidos de amor. O amor preenchia todos os espaços e aquele cara, q já não era mais tão cabeludo, compreendeu que a sua missão nesse mundo era ser o pai em obras. Isso mesmo, ele não queria ser o pai herói porque heróis estão acima de todos e nunca erram. Ele queria errar e aprender junto com os filhos, se colocar ao lado deles, evoluir...

E, há 35 anos, é isso que ele faz: acorda bem cedinho, leva, busca, ajuda a fazer o almoço, conserta as coisas de casa, dá conselhos, se preocupa, separa briga, pede desculpas, abraça, liga pra ver se tá tudo bem, se preocupa mais um pouco e vai dormir bem cedinho.

As nossas vitórias são as vitórias dele e as nossas tristezas são as tristezas dele e todos somos muito felizes com o que a vida nos oferece de bom e de ruim porque felizes para sempre não teria nenhuma graça.