AGOSTO 2020 | Page 5

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BASTIÃO, O ANCIÃO

Era uma vez, Bastião, o ancião de uma tribo de índios conhecidos como Ferreira Dias. Ele era um curandeiro, pois conhecia muitos chás e ervas para curar doenças. Adorava colocar uma folha de arruda atrás da orelha, e andar pelo mato, abraçando as árvores e sentindo o frescor da natureza.

Bastião tinha dois lados, às vezes era um doce de gente e muito carinhoso, e em outras muito bravo e briguento. Nessa hora, era bom sair de perto. Seus cinco filhos já acostumados com esses momentos, davam sempre um jeito de acalmar a fera. Era casado há mais de 60 anos com sua véinha Ruth, e morria de ciúmes dela. Era capaz de fazer coisas inesperadas e até mesmo loucuras por conta desse sentimento. Falava um idioma peculiar, que fazia seus netos morrerem de rir. Eles até chegaram a cogitar em fazer um dicionário com aquelas palavras tão cômicas.

Bastião era o pajé da tribo, homem sensitivo, e tinha uma visão de seres imaginários. Quando era mais jovem, teve um encontro divino com a Virgem Maria no alto de uma montanha, que ele chamava de Taboquinha. Essa cena o acompanhou para sempre em sua memória, tocando o coração daqueles que ouviam aquela história tão comovente e ao mesmo tempo engraçada.

O ancião também era um exímio dançarino de catira e forró, seu corpo era leve como uma pluma esvoaçante. Era magnífico vê-lo dançar.

Hoje, o querido ancião virou uma estrelinha no céu e durante o dia faz parte da brisa, abençoando a natureza e a todos que precisam dela.