Agendas Culturais 2018 Agenda Cultural 2018 - julho e agosto | Page 7

CINEMA Foto: Noites Paraguayas A realidade poética de Aloysio Raulino No mês de Julho, a Sala Redenção – Cinema Universitário apresenta a obra como diretor de Aloysio Raulino. Serão exibidos 10 curtas-metragem, três médias-metragens, um longa-metragem e uma série feita para (mas nunca exibida na) televisão. Aloysio Raulino foi, desde o início de sua graduação, na ECA/USP, extremamente prolífico: em sua vida, trabalhou em mais de 200 filmes, tendo o grosso de seu trabalho sendo sob o título de diretor de fotografia. Ajudou a fundar e presidiu a Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas (ABD) e a Associação Paulista de Cineastas (Apaci) e foi professor na mesma faculdade que estudou, dando aulas de fotografia. Em sua carreira como diretor, utilizou a linguagem do documentário para realizar um belíssimo mosaico da vida no Brasil, com toda a sua disparidade e sem nenhuma demagogia nem populismo. Suas temáticas como diretor foram majoritariamente focadas nas condições de vida dos trabalhadores, dos imigrantes, dos excluidos sociais, construindo fortes imagens de um cinema, segundo as suas próprias palavras, “no sentido que nenhuma arte, nenhuma ciência, poderia substituí-lo em seu ofício”. Aliado a este viés político, sempre esteve presente uma preocupação com o visual, utilizando da câmera como um olhar poético seja para com os pequenos vilarejos interioranos de Noites Paraguayas (1982) ou a região portuária do Porto de Santos (1978), dentre outras inúmeras imagens do urbano e do rural do Brasil e de seus entornos. Destaco, aqui, também, a passagem da câmera para o sujeito filmado, Deutrudes Carlos da Rocha, em Jardim Nova Bahia (1971), que nos empresta por alguns minutos a sua visão de mundo nas estações de Brás e de Santos. Para esta mostra iremos dividir os filmes exibidos em cinco blocos, organizados cronologicamente. No primeiro e segundo, exibiremos os curta- metragens realizados por ele do final da década de 1960, no momento de seu ingresso no curso de cinema da ECA/USP, até o fim da década de 1970. O terceiro bloco mostra a sua obra na década de 1980, marcada pela sua aproximação com o longa-metragem ficcional, dirigindo seu único filme de longa duração e destacando-se como diretor de fotografia de importantes filmes do cinema nacional da época. Um quarto bloco trata de dois média-metragens e um curta realizado por ele ao longo da década de 1990 e, por fim, exibiremos o seu documentário para a TV, Puberdade (1995/97), sobre a vivência e os anseios de uma classe social, reveladas sob o ponto de vista de seus pré- adolescentes. Vitor Cunha Bolsista da Sala Redenção e Curador da Mostra 7