Agendas Culturais 2018 Agenda Cultural 2018 - julho e agosto | Page 24

ARTES VISUAIS O FA Z E R N I P Ô N I C O Encerramento da mostra ExpoJapão no saguão da reitoria Em um país miscigenado como o Brasil, poucas ve- zes mencionamos a questão étnica como elemento- -base de diferenciação de determinados grupos de indivíduos na sociedade. Contudo, uma das minorias com maior impacto político-econômico no país é a comunidade nipônica. Há 110 anos, no dia 18 de junho de 1908, desembarcavam os primeiros 781 imigrantes que se distinguiriam em meio a uma na- ção majoritariamente branca, negra ou parda. Hoje, os nikkeis – ou descendentes de japone- ses – atingiram 1,2 milhão de pessoas. São juízes, policiais, militares, médicos, jornalistas, etc. Atuam em todas as áreas do conhecimento no Brasil e conseguem ainda manter certas tradições e apreço por sua cultura milenar. O processo de consolidação desta comunidade, no entanto, apresentou diversos obstáculos e muito preconceito. Na Segunda Guerra Mundial, milhares de japoneses buscaram refúgio em outros lugares. Os que já es- tavam em países pacíficos ou pouco envolvidos no maior conflito do século passado permaneceram em 24 suas respectivas nações de adoção. Não quiseram voltar e enfrentar a amargura da guerra e dos bom- bardeios. Parte destes ficou no Brasil. Já representa- vam milhares à época. A xenofobia chegou a proporções inimagináveis quando o Estado Novo de Getúlio Vargas ingressou no bloco dos Aliados, ao lado da Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética, contra a ameaça nazifas- cista. A discriminação contra os imigrantes oriundos de países inimigos vivendo no Brasil alcançou a via legal. O governo fechou escolas de ensino de japo- nês, alemão e italiano; fechou associações e jornais; removeu imigrantes de determinadas zonas, como ocorreu em São Paulo; dentre outras determinações federais. A guerra encerrou, mas a destruição do Japão motivou outros milhares a migrarem para outros locais. Os refugiados desembarcavam em todos os portos do mundo, dentre eles o de Santos-SP. Um fenômeno migratório de proporção tão gigantesca só ocorreria nos últimos anos, com as guerras do