AboutUS By Hotspotorlando #30 | Page 11

Para além das questões econômicas, um projeto político delineou-se na época do reformismo ilustrado pombalino e concretizou-se com a vinda de D. João VI no ano de 1808, qual seja: transferir o Império Português para os trópicos, longe das inquietações e temores que estavam atingindo a Europa desde a segunda metade do século XVIII. E, assim sendo, transformar a cidade do Rio de Janeiro na “Nova Lisboa”. Ministros e conselheiros, influenciados pelas Luzes, planejavam fundar um novo Império que exibisse prestígio monárquico e garantisse segurança aos súditos, atributos que há muito não existiam mais no Velho Reino. Esse projeto político tornou-se realidade, sob os auspícios da Inglaterra que, nesse período, era a “rainha dos mares” e a oficina industrial do mundo. A nobreza lusitana chegou na colônia e a cidade do Rio de Janeiro – a nova sede do Império Português – exibia, aos olhos da elite, o prestígio e a importância de uma capital europeia. Sem dúvida, a instalação da Corte joanina transformou a cidade em um importante centro político, econômico, social e cultural, dentro do qual a maior parte da população, aqueles excluídos do acesso à propriedade ou escravizados, não participou. Conquistada a autonomia política, a elite senhorial pretendeu organizar o Estado Nacional com o objetivo de transformar a Monarquia, a única na América do Sul, em um modelo político equiparável às formas de governo das nações modernas e civilizadas da Europa. E ainda – caberia a essa elite a difícil obra de construir uma Nação definida pelo “corpo branco”, a fim de legitimar a “boa sociedade” demarcada pela e na escravidão através de um acordo entre senhores. O objetivo era resguardar a propriedade associada à defesa da unidade político territorial do Brasil e driblar a insegurança representada pelo medo de que a sublevação escrava no Haiti – símbolo do mal – aqui se repetisse, transformando a luta pela independência em um confronto etnicorracial. Na segunda metade do Oitocentos, assistiu-se a uma maior urbanização do Rio de Janeiro graças à sua posição político administrativa e ao apogeu do café. A cidade, sede do poder central, transformou-se também em centro econômico, sob o controle dos “barões de café” – a aristocracia fluminense encastelada no Conselho de Estado. A casa associada à liberdade estava protegida sob o manto da autoridade imperial contra a rua identificada à desordem. A posição da urbes como espaço de dominação da Corte Bragantina e pólo da economia cafeeira, além da sua condição de maior porto exportador e importador, explica a sua proeminência no Império do Brasil. A partir da crise da Monarquia, a cidade conheceu um período de instabilidade, destacando-se as campanhas abolicionistas com a forte mobilização de setores médios urbanos em ascensão, a Revolta do Vintém de 1880, a luta do povo contra o aumento das passagens do bonde, e as constantes fugas dos afrodescendentes enquanto instrumento de resistência à escravidão. A Guerra do Paraguai, apesar da vitória e da imposição dos interesses brasileiros na região platina, afirmou a importância da “espada” na conformação do poder, estampou as contradições da boa sociedade e ajudou a ruir a casa. Isso levou civis e milit