Os problemas urbanos e sociais da “Cidade Maravilhosa” se expõem pari passu a um projeto
político que sempre excluiu os deserdados do
sistema e reprime as manifestações sociais, como
se não existisse o Estado de direito e a garantia
constitucional de respeito às liberdades individuais e coletivas’. Tudo aponta para a quebra de
valores caros à cidadania e o desrespeito à gestão
da “coisa pública”, colocando em xeque o próprio
significado de República
Nesses tempos inquietantes em que vivemos,
pretensamente ahistóricos, defrontamo-nos a
cada passo, a cada momento, com a “cidade partida”, de Zuenir Ventura, ou “em cada ribanceira uma nação”, de Chico Buarque. As aceitáveis
diferenças entre pobreza e miséria, segundo os
padrões capitalistas e burgueses, estreitaram-se
cruelmente durante os longos anos da ditadura
militar e prosseguiram, com certas diferenças,
na chamada Nova República. O mundo da favela afirmara-se em uma atitude de franca negação
aos supostos valores civilizatórios do mundo do
asfalto.
O que fazer diante de projetos urbanos que
ousam não enfrentar a segregação sócio espacial
e optam por reproduzir a “cidade murada” e a
“cidade civilizada” para reinventar a tradição da
boa sociedade, dentro de uma perspectiva militarizada de segurança?
As sucessivas obras da prefeitura do Rio de Janeiro celebram a consolidação de uma modernidade, ainda que tardia. Porém, a liberdade
e a própria civilização, no que esta implica em