A Voz dos Reformados - Edição n.º 178 Julho/Agosto 2022 | Page 3

Em foco
Julho / Agosto 2022 | A Voz dos Reformados 3

Em foco

Aumentos extraordinários não compensam poder de compra perdido

O MURPI mantém a exigência de um aumento extraordinário de todas as pensões em 2022 , com especial atenção para as mais baixas , e a implementação de uma política de limitação dos preços .
A 8 de Julho , o Secretariado do MURPI emitiu um comunicado intitulado « Não nos deixamos enganar . Queremos recuperar o poder de compra ». Esta posição foi divulgada precisamente no dia em que os pensionistas com um montante inferior a 1108 euros receberam um aumento extraordinário de 10 euros , com retroativos a Janeiro de 2022 . Receberam também o 14 .º mês , legalmente chamado de montante adicional de Julho . Nesse documento , o MURPI lembra que « os preços não deixaram de aumentar », tendo a taxa de inflação em Junho , em relação ao mês homólogo de 2021 , atingido 8,7 por cento . Em Julho , segundo o INE , a taxa de inflação atingiu o valor de 9,1 por cento em relação ao mesmo mês de 2021 . « Os preços dos produtos energéticos aumentaram 31,2 por cento e os dos produtos alimentares 13,2 por cento . As previsões apontam para que a situação se continue a agravar e os preços continuem a aumentar , provocando perda de rendimento das famílias », adianta o MURPI , em nota divulgada no dia 3 de Agosto . Simultaneamente , no primeiro semestre de 2022 , os lucros das grandes empresas da área da energia , do sector financeiro e da comercialização dos bens alimentares , que estão a ser divulgados , « atingiram valores escandalosos para a generalidade da população ». Por outro lado , « o grande aumento da receita de impostos , cerca de 2,3 mil milhões de euros , mostra que o dinheiro não falta », salienta a Confederação , lembrando que em Janeiro deste ano as pensões até 886,40 euros foram aumentadas
Segundo o MURPI , os aumentos extraordinários das pensões que foram pagos durante o mês de Julho « não compensam o poder de compra perdido desde o último trimestre de 2021 » e « muito menos melhoram o valor das pensões mais baixas »
um por cento ; entre 886,40 e 2659,20 euros foram aumentadas 0,49 por cento ; as restantes aumentadas 0,24 por cento .
Aumento extraordinário Consciente desta situação , o MURPI apresentou em Maio uma proposta de aumento extraordinário de 20 euros para todas as pensões a acrescer ao aumento de Janeiro e com retroativos ao início do ano . « O Governo , insensível a esta proposta , necessária e urgente , efetuou o aumento muito inferior ao valor da inflação . Este valor não dá resposta às necessidades dos reformados , que vêm as suas pensões a minguar em relação ao aumento dos produtos essenciais à sua vida », adverte a Confederação , frisando que « agora é que se torna necessário dar uma resposta real à perda do poder de compra dos pensionistas ».

E D I T O R I A L

É preciso dar mais força à luta dos reformados

Casimiro Menezes
O recente Congresso do MURPI trouxe responsabilidades acrescidas . Aqui estamos para continuar a cumprir o nosso desígnio , propondo soluções para garantir o direito a envelhecer com dignidade . Por outro lado , opomo-nos às medidas deste Governo que , a pretexto das « contas certas », condena os reformados e pensionistas a viverem com dificuldades acrescidas para fazerem face ao aumento do custo de vida , que não para de aumentar . Demagógicamente , o Executivo PS gaba-se de ter aumentado extraordinariamente as pensões quando a realidade demonstra que não passa de puro engano . O MURPI exige um aumento mensal de 20 euros desde Janeiro deste ano e para todos os pensionistas , reformados e aposentados . É preciso travar a degradação progressiva das pensões ao longo desta década , agravada pela espiral de aumento dos preços de bens energéticos e de bens alimentares . Nesta linha insere-se a petição « Repor o poder de compra das pensões », a qual o MURPI está profundamente empenhado , para que o objetivo de recolha de sete mil assinaturas seja rapidamente atingido para levar esta reivindicação ao plenário da Assembleia da República . No momento em que se degrada o poder de compra dos reformados e que outras medidas estão em estudo , tendo em vista reduzir os direitos da Segurança Social através do « livro verde », a pretexto da sua sustentabilidade , é importante que o MURPI intervenha , como legítimo representante dos reformados , na defesa das normas da Constituição da República Portuguesa , no âmbito do apoio à terceira idade . Defendemos e reafirmamos a importância de ter uma Segurança Social pública , universal e solidária , que promova e assegure o direito a envelhecer com direitos . O aumento da esperança média de vida é uma conquista civilizacional que deve ser defendida pela criação , por parte do Estado , de estruturas e de medidas que contemplem o respeito pelos direitos das pessoas a envelhecer com dignidade no usufruto dos seus direitos sociais , políticos e culturais , que promovam o seu bem-estar e a participação ativa na sociedade . Na saúde é urgente travar a degradação e defender o acesso a cuidados de saúde de proximidade e de qualidade , combatendo todas as formas e tendência à sua privatização a pretexto das dificuldades sentidas pela população , em geral , e dos reformados e idosos em particular , garantindo a todos o direito ao médico / enfermeiro de família e promovendo a dotação financeira e de recursos humanos profissionais necessários ao funcionamento do Serviço Nacional de Saúde universal , geral e gratuito . Lutas e protestos que estão nas nossas mãos continuar a defender os direitos dos reformados . Podem e devem contar com o MURPI .