4 A Voz dos Reformados | Março / Abril 2021
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ARPI continua a trabalhar para melhorar
DEDICAÇÃO Fundada a 27 de Junho de 1980 , a Associação de Reformados , Pensionistas e Idosos de Pinhal Novo ( ARPI ) tem por missão contribuir para a melhoria efetiva da qualidade de vida e bem-estar da população idosa daquela freguesia do concelho de Palmela , através da prestação de um conjunto de serviços de apoio às necessidades básicas e atividades da vida diária , proporcionando , assim , a sua autonomia e dos seus familiares .
Falámos com Joaquim António Madureira Ricardo , presidente da ARPI . Com 83 anos ( no dia 26 de Agosto faz 84 ), este alentejano de Évora continua a ajudar na distribuição das refeições aos utentes e no que tem a ver com as responsabilidades de direção de uma instituição com passado , presente e futuro . Como sublinhou , o « fundador » daquele grande projeto foi Victor das Neves , o primeiro presidente da ARPI . Tudo começou com a necessidade de « um centro de convívio para os reformados », numa freguesia elevada à categoria de Vila a 11 de Março de 1988 , que foi crescendo com a evolução do caminho de ferro . Em 1996 deu-se um novo passo , com a passagem a centro de dia ( IPSS ), no seguimento de um acordo com a Segurança Social . Para tal , teve que se aumentar a cozinha , de modo a confecionar as refeições , e adquirir um veículo para prestar apoio domiciliário , uma Mitsubishi , que continua a ajudar nas tarefas diárias . Hoje , face às necessidades , o parque automóvel cresceu , existindo , inclusive , uma carrinha de transporte adaptado . O projeto iniciado em
Joaquim Ricardo , presidente da ARPI de Pinhal Novo
Fevereiro de 1998 foi consumado por Joaquim Ricardo , que entrou para a Direção no ano anterior . Antes , foi presidente da Junta de Freguesia do Pinhal Novo , entre outras tarefas e responsabilidades . « Sou um “ gajo ” que não gosta de estar parado . Já lá vão uns anos bons », confessou . O acordo com a Segurança Social abrange , tal como em 1998 , 80 pessoas : 30 para o Centro de Dia e 50 para o Apoio Domiciliário , um número que o presidente da ARPI considera ser diminuto , tendo em conta o
número de sócios da instituição – que já chegou a ser de dois mil – e as necessidades população da Freguesia ( 25 003 habitantes em 2011 ). As críticas são baseadas em comparação com outras instituições do concelho de Palmela , que , com menos sócios , têm um maior apoio . « Tudo é política », criticou , dando conta que até o apoio para o Centro de Convívio « eles ( Segurança Social ) quiseram tirar », uma vez que o bar , segundo foi transmitido , não corresponde ao que está protocolado . « Queriam que as pessoas pagassem um valor por mês para terem direito ao pequeno almoço , o que , no caso particular dos utentes da ARPI , é impraticável », revelou Joaquim Ricardo . A situação foi reportada à atual diretora do Centro Distrital de Setúbal do Instituto da Segurança Social , que disse compreender a situação .
Pensões justas para viver com dignidade
Joaquim Gonçalves
A população idosa é um dos grupos sociais mais desfavorecido em termos económicos , mais de 1,5 milhões de aposentados e reformados têm reformas e pensões abaixo do limiar da pobreza . Identificam-se como fatores de risco para os idosos a ausência ou diminuição de rendimentos , a solidão e a inatividade , situação agravada com o confinamento imposto por causa da pandemia . Estudos indicam que a população com 65 e mais anos tem uma taxa de risco de pobreza de 20 por cento . Em Portugal a população idosa tem sido tradicionalmente um dos grupos mais desfavorecidos em termos económicos , sendo que 10 por cento da população com 65 e mais anos habita sozinha . Para dar resposta e melhorar a qualidade de vida dos reformados , pensionistas e idosos é necessário elevar o nível das suas reformas e pensões tendo em vista a sua autonomia , incentivar e reconhecer a participação dos idosos na vida cultural e social , promover a participação dos idosos nos processos de decisão política , garantir o acesso ao conhecimento , educação e capacitação , especialmente em termos da sociedade de informação e promover a saúde e o seu bem-estar . Os reformados , após uma longa vida de trabalho e de descontos para a Segurança Social , devem ter uma pensão digna , com a garantia da sua atualização em Janeiro de cada ano , valorizando e assegurando a reposição do seu poder de compra . Contudo , a estrutura de cálculo anual de reformas não permite o cumprimento deste objetivo reivindicado pelo MURPI ao longo dos últimos anos . Só com a luta dos reformados e pensionistas e idosos foram possíveis os aumentos extraordinários desde 2017 de 10 euros no valor das suas pensões , que embora muito limitados e insuficientes , inverteu a situação anterior de esbulho das reformas e pensões definidos por governos de direita inimigos dos idosos . Na atualidade , as respostas do Estado perante os problemas sociais dos idosos deverão passar por serviços públicos que respondam perante as suas necessidades , nomeadamente na relação entre a sustentabilidade e oferta de serviços de qualidade , tais como o reforço do Serviço Nacional de Saúde , priorizando a testagem COVID e a vacinação , reabrindo o funcionamento das consultas nos centros de saúde e o funcionamento integral dos serviços hospitalares . Tais respostas devem também aumentar e reforçar equipas de Segurança Social de modo a corresponder adequadamente às necessidades das IPSS , considerando os seus recursos financeiros , humanos e técnicos e criando novas vagas com uma rede pública de residências para idosos . Por outro lado , a cidadania dos idosos tem que ser ampliada e reforçada . Não se pode ignorar que a pessoa idosa necessita de ter a sua autonomia e que é titular dos seus direitos e deveres perante toda a sociedade . A sociedade e o Estado precisam mudar a sua conduta em relação ao envelhecimento , pois temos que ter uma sociedade que tem consciência dos direitos de todos os indivíduos .