A Voz dos Reformados - Edição n.º 166 A Voz dos Reformados - Edição n.º 166 | Page 8

8 A Voz dos Reformados | Julho/Agosto 2020 Última página Palavras de Paz Agressão dos EUA à Coreia começou há 70 anos A intervenção militar dos EUA na Coreia, que ainda hoje permanece, começou há precisamente 70 anos. O objetivo – como sempre mascarado sob belas palavras – foi o mesmo que os levou anos mais tarde a agredir o Vietname: o de procurar travar o impetuoso movimento libertador dos povos, que se seguiu à Vitória sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial. Naquele país asiático, dominado durante décadas pelo Japão, duas tendências antagónicas disputavam o poder: as forças de resistência anticolonial libertaram o Norte (com o apoio da URSS), enquanto a Sul os EUA instalaram no poder antigos colaboradores das forças de ocupação japonesas, perpetuando a sua presença militar no país, assim como a divisão da Coreia. A agressão norte-americana contra o povo da Coreia conta-se entre as mais brutais que a História regista, por mais poderoso que seja o silêncio que sobre ela recaiu. O próprio general dos EUA Curtis LeMay estima que em três anos as tropas norte-americanas terão assassinado perto de 20% da população coreana, mas esta até pode ser uma estimativa «otimista». Pionguiangue foi totalmente arrasada, assim como muitas outras cidades, aldeias, fábricas e infraestruturas. A utilização massiva de napalm e de armamento biológico deixou réplicas que ainda hoje se fazem sentir – a denúncia destes crimes motivou, nesses anos, uma intensa ação do Conselho Mundial da Paz e de outras organizações e movimentos internacionais. Pablo Picasso pintou Massacre na Coreia, inspirado nos Fuzilamentos, de Goya. Nos círculos de poder dos EUA chegaram a ser equacionados bombardeamentos nucleares massivos sobre a Coreia, a China e a União Soviética. Este enquadramento histórico é fundamental para compreender a situação atual da Península da Coreia, a sua divisão, a permanência de numerosos contingentes militantes norte-americanos, a aspiração a uma Coreia unida e pacífica – só possível sem ingerência externa, sem pressões e chantagens. É a retirada das tropas dos EUA o primeiro e decisivo passo para que seja possível avançar de forma determinada no diálogo intercoreano visando a reunificação pacífica da Coreia. É o que melhor serve a paz e a segurança na região e no mundo. A Revolução do 25 de Abril foi portadora de um património de direitos cívicos conquistados MURPI reafirma Estratégia Nacional sobre a Problemática do Envelhecimento No workshop «Políticas Públicas na Longevidade», Casimiro Menezes, presidente da Confederação Nacional de Reformado, Pensionistas e Idosos – MURPI, reclamou uma Estratégia Nacional sobre a Problemática do Envelhecimento, sustentada em políticas transversais de atuação multidisciplinar. A ideia, trazida para aquela iniciativa promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, saiu do 9.º Congresso do MURPI, realizado no ano de 2018 e teve como objetivos «criar condições para que “Viver Mais Tempo” signifique viver melhor, com qualidade de vida, bem-estar físico, psicológico e social», «respeitar o direito dos reformados, pensionistas e idosos e das suas organizações representativas, pelo valor das suas reivindicações em defesa deste grupo social» e «adotar medidas adequadas à prevenção e combate à pobreza, ao isolamento social entre os idosos, às desigualdades sociais, bem como de resposta às necessidades específicas na doença e na dependência». Simultaneamente, permitiria «valorizar a participação cívica, cultural e social da população que se encontra na terceira idade, como cidadãos e cidadãs «Dados demográficos da longevidade em Portugal revelam profundas assimetrias e heterogeneidades», afirmou Casimiro Menezes, referindo que «é nas áreas da saúde e de proteção social onde se registam maiores lacunas», sendo necessário «um maior investimento no combate à pobreza e a exclusão social». «Neste momento que atravessamos uma crise de elevadas proporções O presidente do MURPI destacou ainda a importância de acrescentar «mais vida saudável ao aumento da longevidade de modo a capacitar ainda mais a intervenção das pessoas idosas, valorizando a sua participação cívica, cultural e social». «Envelhecer com direitos significa garantir aos trabalhadores o direito à reforma em tempo útil de vida que de pleno direito, como vetor indissociável do aprofundamento da democracia participativa em Portugal». «Estes objetivos que queremos contemplados na Estratégia Nacional sobre o Envelhecimento resultou de dezenas de reuniões onde a problemática do envelhecimento foi analisada e culminou com a realização de um encontro subordinado ao tema “Envelhecer com dignidade – que políticas”, no Fórum Romeu Correia, em Almada, no primeiro semestre de 2018», recordou o dirigente do MUR- PI, salientando: «Acrescentar mais anos à vida e também mais vida aos anos balizam o conceito da longevidade na sociedade contemporânea». Reforçar as políticas sociais Envelhecer com direitos permita o seu usufruto com saúde e autonomia e a que corresponda uma pensão justa que proporcione viver cada vez mais anos com qualidade de vida», disse Casimiro Menezes, acentuando que «viver mais tempo não significa viver melhor», até porque «décadas de políticas governamentais restritivas de direitos provocaram verdadeiros retrocessos na Avanços No workshop, Casimiro Menezes recordou que «o aumento médio de esperança de vida verificado no nosso País resulta não só dos avanços técnicos e científicos verificados nas últimas décadas no mundo, como é fruto de profundas alterações sociais e culturais verificadas» em Portugal, «resultante da Revolução do 25 de Abril, que foi portadora de um património de direitos cívicos conquistados». «A longevidade, em Portugal, trouxe novos desafios, sendo que o principal é o combate às desigualdades sociais e das suas causas que condicionam um desenvolvimento desigual da sociedade tornando mais evidente as injustiças sociais», destacou, lembrando: «este combate é transversal não só nas camadas sociais, como também nas orientações políticas no domínio da saúde, na segurança e proteção social, na cultura e no acesso à fruição cultural e o direito ao lazer». provocada pela pandemia de CO- VID-19, torna-se necessária reforçar todas as políticas sociais do trabalho à habitação, dos rendimentos à segurança social e da política de saúde emergente à garantia da assistência médica nas doenças crónicas», defendeu, adiantando que «o combate à pandemia revelou a importância do Serviço Nacional de Saúde e da necessidade do seu reforço e consolidação de modo a garantir a universalidade no acesso, regionalmente equilibrado e assegurada a gratuitidade no acesso». «Agora que temos uma nova Lei de Bases da Saúde acreditamos ter um instrumento válido que pode garantir políticas de saúde de promoção de saúde e de melhor investimento da digitalização na saúde nas suas diversas aplicações», assegurou ainda. qualidade de vida dos trabalhadores e dos reformados». Segurança social, saúde, habitação, mobilidade, rede pública de equipamentos de apoio, direito à cultura e à sua fruição constituem na sua essência a garantia de uma vida digna que respeite envelhecer com direitos para as atuais e futuras gerações de reformados, pensionistas e idosos.