A Voz dos Reformados - Edição n.º 166 A Voz dos Reformados - Edição n.º 166 | Page 2

2 A Voz dos Reformados | Julho/Agosto 2020 Em foco Entrei no café com um rio na algibeira Entrei no café com um rio na algibeira e pu-lo no chão, a vê-lo correr da imaginação... A seguir, tirei do bolso do colete nuvens e estrelas e estendi um tapete de flores a concebê-las. Depois, encostado à mesa, tirei da boca um pássaro a cantar e enfeitei com ele a Natureza das árvores em torno a cheirarem ao luar que eu imagino. E agora aqui estou a ouvir A melodia sem contorno Deste acaso de existir – onde só procuro a Beleza para me iludir dum destino. José Gomes Ferreira Continuar a intervir em defesa dos Serviços Públicos Na audição «Por uma Administração Pública ao serviço do povo e do País», promovida pelo PCP no dia 10 de Julho, Manuel Pinto André, da Direcção do MURPI, destacou a «resposta» dada pelos Serviços Públicos para conter a pandemia provocada pela COVID-19, nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde (SNS), a Segurança Social e a Escola Pública, tendo defendido o seu reforço, «de forma a colmatar as deficiências detectadas não só no combate ao vírus, como em relação ao acompanhamento e tratamento de outras patologias». Simultaneamente, reclamam-se melhores condições de habitação e mobilidade. Centrando atenções na «necessidade de um maior investimento no SNS, tanto em recursos financeiros, como tecnológicos e humanos, que possa garantir a universalidade de cuidados de saúde às populações», Manuel Pinto André não esqueceu a importância do reforço da rede de Cuidados Primários de Saúde. «Torna-se imperioso a prestação de cuidados de saúde de proximidade e de qualidade, com resposta atempada e articulada com outros níveis de cuidados de saúde: hospitais, rede de cuidados continuados e paliativos», salientou, referindo que também os centros de saúde devem «poder assegurar cuidados médicos e de enfermagem, de vigilância e de tratamento às pessoas idosas e dependentes a residirem em lares». Outra das ideias trazidas por este professor aposentado é que os lares da terceira idade ou Estruturas Residenciais para Idosos constituem «uma componente importante de protecção e de apoio às pessoas idosas». No entanto, criticou, o Estado, através da política de sucessivos governos, «tem-se desresponsabilizado da criação de uma rede pública de equipamentos de apoio social destinado às pessoas idosas», como o MURPI tem vindo a defender. Relativamente à atual situação vivida, Manuel Pinto André considerou inaceitável que «os idosos sejam, discriminados e vejam limitados os seus direitos, liberdade e garantias» e «mantidos em isolamento social por tempo indeterminado». Neste sentido, o MURPI exige que «sejam estabelecidas normas sanitárias para que o isolamento social dos idosos termine e possam receber visitas e conviver em segurança», podendo as associações de reformados, pensionistas e idosos «retomar as suas actividades culturais, recreativas, de lazer, desportivas, formativas e de convívio». Lares para idosos são o calcanhar de Aquiles na luta contra a pandemia «As pessoas idosas, por pertencerem a um grupo de risco de contágio pela infeção por COVID-19, merecem uma atenção especial das autoridades sanitárias», especialmente as que se encontram internadas em lares e outras estruturas residenciais, defende o MURPI. Tendo em conta que «nenhuma estrutura ou organização tem capacidade de dar resposta cabal a uma epidemia com estas características», a Confederação reivindica a definição de um plano estratégico sanitário de defesa das pessoas idosas residentes em lares, envolvendo entidades da Saúde, da Proteção Civil e da Segurança Social; a criação de meios que combatam as consequências psicológicas do isolamento social resultante da proibição de visitas dos seus familiares; proteção social, financeira e psicológica dos trabalhadores dos lares. CADERNO REIVINDICATIVO 2020 COMBATER O ISOLAMENTO E PROMOVER A MOBILIDADE A área dos transportes não ficou de fora da política desastrosa promovida pelos sucessivos governos, assistindo-se ao encerramento da ferrovia, à privatização da rede de transportes de âmbito regional e nacional, à degradação do material circulante, à distorção da oferta do horário dos transportes coletivos e até à sua ausência, ao aumento dos preços dos títulos de transportes, com os consequentes prejuízos para os utentes em geral e para os reformados e pensionistas em particular. Esta situação agrava o isolamento e dificulta o acesso das pessoas idosas aos serviços essenciais no quotidiano. A par destas dificuldades somamse outros constrangimentos: mau estado das vias circulantes, barreiras arquitetónicas à mobilidade e à acessibilidade aos meios de transporte. O MURPI reivindica a garantia de uma rede de transportes públicos em todas as localidades; desconto de 50 por cento nos títulos de transporte em todos os transportes públicos para os reformados e pensionistas; criação de um bilhete intermodal que facilite a utilização dos transportes públicos nas áreas metropolitanas; combate e eliminação das barreiras arquitetónicas e de acessibilidade.