A Voz dos Reformados - Edição n.º 164 A Voz dos Reformados - Edição n.º 164 | Page 8

8 A Voz dos Reformados | Março/Abril 2020 Última página Palavras de Paz Pôr fim às armas nucleares Há 70 anos, mais precisamente a 15 de março de 1950, foi lançado pelo Comité Mundial dos Partidários da Paz (antecessor do do Conse- lho Mundial da Paz, constituído no final desse mesmo ano) o Apelo de Estocolmo, petição mundial pela proibição das armas nucleares: «Exigimos a interdição absoluta da arma ató- mica, arma de terror e de extermínio em massa de populações. Exigimos o estabelecimento de um vigoroso controlo internacional para a aplicação dessa medida de interdição. Consi- deramos que o governo que primeiro utilizar a arma atómica, não importa contra que país, cometerá um crime contra a humanidade e será tratado como criminoso de guerra. Pedimos a todos os homens de boa vontade no mundo inteiro que assinem este apelo.» O Apelo de Estocolmo surgiu numa altura em que as esperanças abertas com a vitória sobre o nazi-fascismo davam já lugar à Guerra Fria – resposta do imperialismo à impressionante vaga libertadora do pós-guerra e às impetuo- sas conquistas políticas, económicas, sociais, culturais e nacionais então alcançadas. A chan- tagem nuclear foi um dos seus instrumentos principais. Daí o Apelo ter encontrado tanto eco entre os povos do mundo, chocados ainda com a bru- talidade dos criminosos bombardeamentos norte-americanos contra Hiroxima e Nagasá- qui, em Agosto de 1945, e preocupados com a crescente tensão militar que marcava o seu tempo. O Apelo de Estocolmo foi subscrito por muitos milhões de pessoas em todo o mundo, transformando-se num imenso clamor mun- dial pela paz e o desarmamento. Pressionado pela opinião pública mundial, o imperialismo viu-se obrigado a refrear os seus ímpetos mais agressivos. Hoje, sete décadas passadas, o Apelo de Esto- colmo constitui uma fonte de inspiração para todos quantos defendem a paz, o desarmamen- to e a solidariedade. Face à crescente tensão militar que marca o nosso tempo, o movimento da paz tem perante si a responsabilidade de, em cada um dos países e à escala internacional, unir amplos sectores sociais, políticos, ideo- lógicos e religiosos para, uma vez mais, travar o passo ao imperialismo e às suas guerras de agressão e rapina. Tal como há 70 anos, é fundamental hoje exigir a proibição das armas nucleares e o desmante- lar dos arsenais existentes. A este respeito, im- porta não esquecer que os EUA (como a NATO) admitem a utilização de armas nucleares num primeiro ataque e que se desvincularam recen- temente de um conjunto de tratados e acordos que limitavam este tipo de armamento. Em 2017, o CPPC recolheu mais de 13 mil assi- naturas para uma petição que exigia a adesão de Portugal ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares (negociado na ONU). Esta é uma luta que ainda não terminou! Afirmar abril e as suas conquistas Uma vez mais, a Revo- lução dos Cravos – que libertou Portugal de quase meio século de ditadura e abriu cami- nho a profundas trans- formações, políticas, económicas, sociais e culturais – será celebra- da em festa e luta, afir- mando a necessidade de uma política que dê resposta aos problemas do povo e do País. No apelo que resultou da última reunião da Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril refere-se que é «necessário combater políticas de retrocesso como a precarização das relações de trabalho e o aumento da exploração dos trabalhadores, a manutenção de baixos salários e de pensões de reforma no limiar da pobreza, o ataque aos serviços públicos e às funções sociais do Estado». «É, pois, necessário avançar na reposição e aumento de rendimentos e salários, na estabilidade laboral, na garantia do direito à educação e à saúde, na garantia do acesso à fruição e criação cultural, nos direitos das A Revolução de Abril constituiu um momento ímpar da história do povo português famílias, no reforço dos serviços públicos de forma a garantir-se o caráter da sua acessibilidade universal», afirma o documento. Além da participação nas ações para assinalar o 25 de abril, a Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos – MURPI apela, também, ao envolvimento de todos nas comemorações do 1.º de maio, Dia Internacional do Trabalhador. Mais e melhor proteção dos idosos num contexto excecional Quando “Portugal atravessa um período excecional de alerta e vigilância epidemiológica resultante da pandemia provocada pelo COVID-19”, a Direção da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos – MURPI exige “respostas necessárias” ao nível do Serviço Nacional de Saúde, com a adoção de medidas que o reforcem, tanto no plano da vigi- lância epidemiológica, como na salvaguarda da sua saúde, no plano das morbilidades que exigem um adequado acompanhamento, na rede dos cuidados primários de saúde. O encerramento dos centros de dia coloca tam- bém a necessidade de serem adotadas soluções alternativas que assegurem os apoios necessários, designadamente no domínio da alimentação a todos os utentes que deles necessitem. As associações de reformados, filiadas no MURPI, bem como outras instituições estão a procurar assegurar as alternativas adequadas a esta situação. “Este processo tem de ser acompanhado pelo Gover- no visando a identificação de dificuldades e a ado- ção das medidas de apoio adequadas e necessárias para as superar”, reclama o MURPI, frisando que a “prioridade” é assegurar que nenhum reformado e pensionista fique, neste contexto excecional, “em risco de maior vulnerabilidade”. A Confederação manifesta ainda a sua solidariedade com todas as suas organizações associativas, à in- tervenção dos seus dirigentes e trabalhadores, não só no seu contributo a uma adequada informação e vigilância relativamente à COVID-19, como na vigilância relativamente ao seu bem-estar neste contexto excecional.