A LIGA 1ª edição | страница 16

A LIGA 16

celtic

vs

rangers

A rivalidade que

atravessa as

quatro linhas

De um lado, católicos. Do outro, protestantes. Um prega lealdade à coroa, o outro a separação. Dois extremos que formam uma das maiores rivalidades do mundo: Celtic e Rangers, clássico escocês apelidado “Old Firm”. Uma história de 130 anos que envolve brigas, fé, sangue, quedas e ascensões. A intolerância em questões tanto políticas quanto religiosas faz do confronto o de maior ódio recíproco do mundo.

Nascidos em Glasgow, maior cidade da Escócia, os dois times se enfrentam desde 28 de maio de 1888, na vitória do Celtic por 5 a 2. Mas, a rivalidade começou de fato no segundo jogo da final da Copa da Escócia de 1909, no Estádio de Hampden Park. Havia suspeita de que os dois clubes empatavam os jogos de propósito para gerar mais partidas, consequentemente, mais dinheiro com a venda de ingressos. Os boatos revoltaram os torcedores, causando conflito entre eles e com a polícia, que determinou a suspensão do jogo. Deu-se início à violenta fase do confronto.

De fato, para conhecer essa rivalidade, temos que entender o conflito religioso que ronda esses dois clubes. Celtic, de torcida mais popular, segue o catolicismo apostólico romano desde o seu nascimento em 1888, tendo o Papa como grande figura representativa, e apoia o grupo terrorista IRA, Exército Republicano Irlandês.

Já o Rangers foi fundado pela elite escocesa em 1872, tem sua torcida voltada para o lado protestante puritano, sendo a rainha Elizabeth como líder religiosa. Na política, os Gers apoiam o grupo terrorista UVF, Força Voluntária do Ulster.

Até os anos 80, o Celtic ainda que mais flexível que o adversário, não aceitava protestantes e o Rangers não contratava católicos, prática conhecida como sectarismo. Mas esse cenário muda com a entrada de patrocinadores — tradução: mais dinheiro nos cofres dos times.

Quebrando a tradição, o técnico Graeme Souness, do Rangers, contrata o judeu Avi Cohen. Mas a coisa "esquenta" em 89 com a contratação do ex-jogador de sucesso do Celtic, Maurice Johnston. No meio do fogo cruzado, o jogador foi defendido por torcedores moderados, porém detestado pelos radicais: no Celtic, foi condenado como traidor ou "MoJudas" e os do Rangers não o aceitavam por ser católico. Maurice precisou mudar de cidade pelas constantes ameaças, exilando-se, por fim, nos EUA.

Com a nova política de contratação, o Rangers se revolucionou ao fazer negociações em massa com jogadores de várias nacionalidades e religiões. O ocorrido estimulou ''os azuis'' a construírem uma imensa soberania em

Foto: Reprodução