A HISTORIA DAS MAQUINAS Março 2014 | Page 62

62 a história das máquinas Máquinas têxteis ribeiro S.A. O segundo censo industrial ilustra bem o cenário de desenvolvimento e empolgação vivido por nosso empresariado no final da década de 1910. O levantamento, feito em 1920, mostrava a existência de mais de 13.000 empresas. Um dos motivos do crescimento foi a política de substituição das importações, que começou a ser praticada no país já antes da Primeira Guerra Mundial. A medida fora adotada pela indústria para atravessar o duro período de guerra, uma vez que o Brasil dependia da compra de equipamentos importados para o desenvolvimento do setor. O processo de substituição de importações deu origem, por exemplo, à primeira indústria de máquinas de tecido do país, a Indústria de Máquinas Têxteis Ribeiro S.A., de 1920. O investimento foi de 18 contos de réis, fruto das economias acumuladas do português Joaquim Jorge Ribeiro, que chegou ao Brasil com 2 anos e tinha alma e têmpera de empreendedor. Ribeiro começou numa oficina de 35 metros quadrados: um torno era emprestado, uma furadeira comprada à prestação e uma serra de fita improvisada numa armação com dormentes de uma velha estrada de ferro. No início, vinte operários trabalhavam produzindo teares para as indústrias têxteis. Um começo modesto e heróico, mas o setor ganhava forma no Brasil. v vila maria zélia Companhia Nacional de Juta, do visionário Jorge Street Com uma fábrica têxtil, a Companhia Nacional de Juta, e uma idéia na cabeça, o industrial Jorge Street entrou para a história da indústria brasileira como o primeiro empresário a construir uma vila para abrigar os funcionários da empresa. O empreendimento, chamado de Vila Maria Zélia, tomou forma em 1916, abrigando cerca de 2.100 operários, que trabalhavam na companhia, e alterou todo o entorno. A vila foi projetada pelo arquiteto francês Pedaurrieux e tinha como referência as cida- des européias do início do século xx. Além das casas, o empreendimento contava com uma infra-estrutura de fazer inveja: tinha escolas e proporcionava lazer aos moradores. Street era um visionário...Com a crise de 1929, no entanto, o empresário quebrou, e a fábrica foi desativada. A Vila Maria Zélia, no entanto, continuou de pé, conservando valor histórico inestimável para o país. Street cravou o nome na selva de pedra.