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a história das máquinas
Máquinas
têxteis
ribeiro S.A.
O segundo censo industrial ilustra bem o cenário de desenvolvimento e empolgação vivido
por nosso empresariado no final da década de
1910. O levantamento, feito em 1920, mostrava
a existência de mais de 13.000 empresas.
Um dos motivos do crescimento foi a política de substituição das importações, que começou a ser praticada no país já antes da Primeira
Guerra Mundial. A medida fora adotada pela
indústria para atravessar o duro período de
guerra, uma vez que o Brasil dependia da compra de equipamentos importados para o desenvolvimento do setor.
O processo de substituição de importações
deu origem, por exemplo, à primeira indústria
de máquinas de tecido do país, a Indústria de
Máquinas Têxteis Ribeiro S.A., de 1920. O investimento foi de 18 contos de réis, fruto das
economias acumuladas do português Joaquim
Jorge Ribeiro, que chegou ao Brasil com 2 anos
e tinha alma e têmpera de empreendedor.
Ribeiro começou numa oficina de 35 metros
quadrados: um torno era emprestado, uma
furadeira comprada à prestação e uma serra
de fita improvisada numa armação com dormentes de uma velha estrada de ferro. No início, vinte operários trabalhavam produzindo
teares para as indústrias têxteis. Um começo
modesto e heróico, mas o setor ganhava forma
no Brasil.
v
vila
maria zélia
Companhia Nacional de Juta,
do visionário Jorge Street
Com uma fábrica têxtil, a Companhia Nacional de Juta, e uma idéia na cabeça, o industrial
Jorge Street entrou para a história da indústria
brasileira como o primeiro empresário a construir uma vila para abrigar os funcionários da
empresa. O empreendimento, chamado de Vila
Maria Zélia, tomou forma em 1916, abrigando
cerca de 2.100 operários, que trabalhavam na
companhia, e alterou todo o entorno.
A vila foi projetada pelo arquiteto francês
Pedaurrieux e tinha como referência as cida-
des européias do início do século xx. Além das
casas, o empreendimento contava com uma
infra-estrutura de fazer inveja: tinha escolas
e proporcionava lazer aos moradores. Street
era um visionário...Com a crise de 1929, no
entanto, o empresário quebrou, e a fábrica foi
desativada. A Vila Maria Zélia, no entanto,
continuou de pé, conservando valor histórico
inestimável para o país. Street cravou o nome
na selva de pedra.