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a história das máquinas
Henry Ford, um
fora de série
ao contrário
Funcionário da Ford trabalha em
fornalha de ferro, Inglaterra, 1933
O empreendedor e inventor Henry Ford com o filho
Edsel ao lado do primeiro automóvel da Ford e do de
número 10.000.000. A produção em série possibilitava
maior volume de unidades a custos mais baixos
Para entender a ousadia e o talento de Henry Ford, é bom lembrar que até ali imperava
na indústria a máquina universal, uma mesma
máquina que servia para fazer diferentes tarefas ou tipos de peça – por exemplo, diferentes
tipos de tecido ou de artefato metálico.
É então que Henry Ford entra em cena, em
1903, e inventa a linha de montagem, a produção em série. Uma mesma máquina fabricava
100 peças de automóvel e depois tinha de parar para fazer outra? Isso, na visão de Ford, era
perda de tempo e dinheiro. Cada máquina devia propiciar agora maior volume de produção.
Aí surgem máquinas para fazer apenas uma
determinada peça, e com alto grau de automação e produtividade.
Henry Ford costumava dizer: “Se você quer
comprar um automóvel da Ford, pode escolher
a cor que quiser, desde que seja preto”. Longe
de ser um empresário ranheta, queria apenas
ressaltar que era preciso produzir em alta escala, sem flexibilidade. Se um quer carro preto,
outro amarelo, mais um acessório aqui, outro
acessório ali – a produção terminaria ficando
lenta e cara. Era a produção em série. Era o
início do século xx.
Só que nem tudo no mundo é pura vantagem: a máquina automática deu um passo
adiante em produtividade, mas perdeu flexibilidade. Por isso a máquina universal nunca
foi totalmente abandonada. Mas o fato é que,
com a produção em série e automatizada, Ford
conseguiu fazer perfeitamente o que se propôs: um carro tão barato que mesmo um operário seu pudesse comprar. Foi uma revolução
tão impactante que logo, no mundo inteiro,
todas as indústrias automobilísticas estavam
seguindo o exemplo.
Henry Ford não foi, no entanto, pioneiro
absoluto. Antes dele, outros inventores também tiveram sucesso com a produção em série. Joseph Bramah, que em 1784 inventou a
fechadura, foi um deles. Na busca por uma
máquina que produzisse fechaduras em série,
ele conheceu Henry Maudslay, que mais tarde
se tornaria famoso por ter inventado um torno
que ajudou a Inglaterra a assumir a liderança
na fabricação de equipamentos de madeira,
metal e manufaturados.
Estimulado pelo sucesso das fechaduras,
Bramah, diga-se, continuou em plena efervescência criadora. É dele a prensa hidráulica, a bacia sanitária com descarga hidráulica e
também uma máquina capaz de cortar a pena
abrindo espaço para a tinta e, dessa forma, facilitar a escrita.