A HISTORIA DAS MAQUINAS Março 2014 | Page 36

36 a história das máquinas Henry Ford, um fora de série ao contrário Funcionário da Ford trabalha em fornalha de ferro, Inglaterra, 1933 O empreendedor e inventor Henry Ford com o filho Edsel ao lado do primeiro automóvel da Ford e do de número 10.000.000. A produção em série possibilitava maior volume de unidades a custos mais baixos Para entender a ousadia e o talento de Henry Ford, é bom lembrar que até ali imperava na indústria a máquina universal, uma mesma máquina que servia para fazer diferentes tarefas ou tipos de peça – por exemplo, diferentes tipos de tecido ou de artefato metálico. É então que Henry Ford entra em cena, em 1903, e inventa a linha de montagem, a produção em série. Uma mesma máquina fabricava 100 peças de automóvel e depois tinha de parar para fazer outra? Isso, na visão de Ford, era perda de tempo e dinheiro. Cada máquina devia propiciar agora maior volume de produção. Aí surgem máquinas para fazer apenas uma determinada peça, e com alto grau de automação e produtividade. Henry Ford costumava dizer: “Se você quer comprar um automóvel da Ford, pode escolher a cor que quiser, desde que seja preto”. Longe de ser um empresário ranheta, queria apenas ressaltar que era preciso produzir em alta escala, sem flexibilidade. Se um quer carro preto, outro amarelo, mais um acessório aqui, outro acessório ali – a produção terminaria ficando lenta e cara. Era a produção em série. Era o início do século xx. Só que nem tudo no mundo é pura vantagem: a máquina automática deu um passo adiante em produtividade, mas perdeu flexibilidade. Por isso a máquina universal nunca foi totalmente abandonada. Mas o fato é que, com a produção em série e automatizada, Ford conseguiu fazer perfeitamente o que se propôs: um carro tão barato que mesmo um operário seu pudesse comprar. Foi uma revolução tão impactante que logo, no mundo inteiro, todas as indústrias automobilísticas estavam seguindo o exemplo. Henry Ford não foi, no entanto, pioneiro absoluto. Antes dele, outros inventores também tiveram sucesso com a produção em série. Joseph Bramah, que em 1784 inventou a fechadura, foi um deles. Na busca por uma máquina que produzisse fechaduras em série, ele conheceu Henry Maudslay, que mais tarde se tornaria famoso por ter inventado um torno que ajudou a Inglaterra a assumir a liderança na fabricação de equipamentos de madeira, metal e manufaturados. Estimulado pelo sucesso das fechaduras, Bramah, diga-se, continuou em plena efervescência criadora. É dele a prensa hidráulica, a bacia sanitária com descarga hidráulica e também uma máquina capaz de cortar a pena abrindo espaço para a tinta e, dessa forma, facilitar a escrita.