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a história das máquinas
Delben Leite e a
descentralização
Em 1986, com a democracia sacudindo o país,
a Abimaq também respirou novos ares. Com o
fim do ciclo de governos militares, a entidade
viveu, após 49 anos, a primeira disputa eleitoral. Com comparecimento de 96% dos associados e após dois intensos turnos – no primeiro
deu empate –, a oposição venceu a situação; e
Luiz Carlos Delben Leite foi eleito presidente.
Na época, Delben era diretor do departamento
de Máquinas Gráficas da entidade. A acirrada
disputa provocou algumas fissuras, mas logo a
causa comum se revelou mais forte. A atuação
da entidade, até então mais voltada para a proteção do produto nacional diante dos estrangeiros e questões tributárias, foi redirecionada.
A Abimaq ganhou mais agilidade com
a informatização e a reestruturação.
Novos serviços passaram a ser oferecidos, e trabalhos de maior envergadura
puderam ser desenvolvidos.
Um dos problemas sérios identificados na gestão de Delben Leite foi
a questão trabalhista. Os acordos, as
convenções coletivas, eram feitos sempre obedecendo aos interesses da indústria automobilística, o que nem sempre
era bom para a indústria de máquinas.
Comércio Exterior e dúvidas jurídicas
também passaram a integrar a pauta da
Abimaq.
Outro ponto importante é que o país era
arrebatado pelos vários pacotes econômicos
– Plano Cruzado, Verão, Collor I e Collor II
–, que exigiam grande movimentação do setor de máquinas e equipamentos e postura de
diálogo constante com empresários, governo e
trabalhadores.
A gestão de Delben Leite foi também marcada pela abertura e descentralização da Abimaq.
Antes, as decisões eram muito concentradas na
presidência e na diretoria-geral. Logo nos primeiros anos, foram criadas entre doze ou treze
diretorias, cada uma com ações específicas. Período em que surgiram vários departamentos,
como o de Relações Trabalhistas, Promoção de
Comércio Exterior, Administrativo, Financeiro e Assuntos Jurídicos. Também foi criado um
comitê de política industrial para debater, no
âmbito da Abimaq, todos os assuntos relativos
à política industrial do país. Dessa forma, a entidade pôde se posicionar de maneira correta
defendendo todos os interesses da indústria de
máquinas e equipamentos nas conversas com o
governo ou com outros setores. Os empresários
estavam afinados no discurso.
Com a nova gestão, a entidade conquistou
posição política destacada, mais forte e de
muito respeito não só entre entidades como
Fiesp e Confederação Nacional das Indústrias
(CNI), como no governo federal e no Minis-