A HISTORIA DAS MAQUINAS Março 2014 | Page 136

136 a história das máquinas Delben Leite e a descentralização Em 1986, com a democracia sacudindo o país, a Abimaq também respirou novos ares. Com o fim do ciclo de governos militares, a entidade viveu, após 49 anos, a primeira disputa eleitoral. Com comparecimento de 96% dos associados e após dois intensos turnos – no primeiro deu empate –, a oposição venceu a situação; e Luiz Carlos Delben Leite foi eleito presidente. Na época, Delben era diretor do departamento de Máquinas Gráficas da entidade. A acirrada disputa provocou algumas fissuras, mas logo a causa comum se revelou mais forte. A atuação da entidade, até então mais voltada para a proteção do produto nacional diante dos estrangeiros e questões tributárias, foi redirecionada. A Abimaq ganhou mais agilidade com a informatização e a reestruturação. Novos serviços passaram a ser oferecidos, e trabalhos de maior envergadura puderam ser desenvolvidos. Um dos problemas sérios identificados na gestão de Delben Leite foi a questão trabalhista. Os acordos, as convenções coletivas, eram feitos sempre obedecendo aos interesses da indústria automobilística, o que nem sempre era bom para a indústria de máquinas. Comércio Exterior e dúvidas jurídicas também passaram a integrar a pauta da Abimaq. Outro ponto importante é que o país era arrebatado pelos vários pacotes econômicos – Plano Cruzado, Verão, Collor I e Collor II –, que exigiam grande movimentação do setor de máquinas e equipamentos e postura de diálogo constante com empresários, governo e trabalhadores. A gestão de Delben Leite foi também marcada pela abertura e descentralização da Abimaq. Antes, as decisões eram muito concentradas na presidência e na diretoria-geral. Logo nos primeiros anos, foram criadas entre doze ou treze diretorias, cada uma com ações específicas. Período em que surgiram vários departamentos, como o de Relações Trabalhistas, Promoção de Comércio Exterior, Administrativo, Financeiro e Assuntos Jurídicos. Também foi criado um comitê de política industrial para debater, no âmbito da Abimaq, todos os assuntos relativos à política industrial do país. Dessa forma, a entidade pôde se posicionar de maneira correta defendendo todos os interesses da indústria de máquinas e equipamentos nas conversas com o governo ou com outros setores. Os empresários estavam afinados no discurso. Com a nova gestão, a entidade conquistou posição política destacada, mais forte e de muito respeito não só entre entidades como Fiesp e Confederação Nacional das Indústrias (CNI), como no governo federal e no Minis-