processo de busca de solução para o mandato tampão, em caso do
Congresso a ela renunciar por se ver impedido de exercer esta sua
prerrogativa constitucional pela força dos argumentos e dos
veículos de pressão da suposta “vontade geral”. Mas se essa
vontade geral/global tivesse o poder de vetar os políticos até como
articuladores da solução, por que motivo aceitaria que fossem,
eles próprios, a solução?
Mesmo que totalitários sejam muito poucos entre os adeptos da
faxina, não é provável que estes últimos, sendo vencedores na opera-
ção contra Temer, permitam, depois dele, uma solução que revigore
a Weimar tropical que denunciam e desestabilizam. É mais provável
que o processo político, se se render ao monitoramento pela lógica
investigativa e midiática, permita o assassinato serial de toda e
qualquer alternativa política que surgir, desde que, entre mortos e
feridos, garanta-se a continuidade da política econômica e promova-
se, talvez, uma reformatação da reforma previdenciária, para não
pô-la em colisão com interesses de algumas (poucas, é claro) corpo-
rações do Estado. Em compensação, no quadro de um novo governo
tampão com tais características, as corporações menos afortunadas
do setor público terão saudade do deputado Artur Maia e até do
quase unanimemente rechaçado PMDB.
Como visto, há várias hipóteses para o desfecho A (queda de
Temer). Mas qual cenário emergirá se porventura se der o desfe-
cho B, a manutenção do presidente? Nem precisaremos da ajuda
da TV Globo para admitir que se temos vivido tempos bicudos, os
que viriam o seriam ainda mais. A começar pela hipótese de mais
gente comum migrar da rejeição massiva e passiva ao governo,
registrada em pesquisas de opinião, para uma participação em
eventos organizados pela oposição política e por seus braços
sindicais e nos movimentos sociais. O adensamento desse tipo de
manifestação poderia ser suportado sem abalos graves, mas não
a sua conversão em manifestações de massa, como as enfrenta-
das pelo governo Dilma. Para evitar essa conversão, um Temer
firme, enfático e agressivo, mas sem perder a elegância, como o
que se mostra em declarações nesses dias de acuamento, teria
que voltar às telas mais vezes para conversas mais diretas com a
massa do eleitorado. Teria pendor e meios para isso se permane-
cesse sem um acordo ainda que provisório, com os canais de
expressão da vontade geral/global?
Outro jeito não haveria senão tentar, pois a olímpica versão de
que não se importa com impopularidade, se já não cabia bem em
qualquer situação vivida por um presidente de um país democrá-
Interrogações sobre o fator Janot e o desfecho do governo Temer
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