A Capitolina 8, agosto 2014 | Page 22

P

comentando

21 A Capitolina

ara compreender a criação do Universo é preciso primeiro se libertar das concepções de Bem e Mal que trazemos em nossa sociedade. É preciso compreender que ambos não existem em outro lugar que não em nossas escolhas, nossos gestos, e não nas "coisas". Não há coisas boas e coisas ruins. Vejamos por exemplo, uma faca. Você pode usá-la para cortar um alimento assim como para apunhalar alguém pelas costas. Pode usar atacar um inocente, mas também para se defender de um malfeitor. Sendo assim, a faca é boa ou má? Não há resposta. Bom ou mau é o seu portador.

Segundo o hermetismo foram dois os primeiros elementos criados pela Divindade Suprema. O Fogo e a Água.

"Faça-se a Luz!" como dizem os textos bíblicos, pois a Luz nada mais é que um aspecto do Fogo, e consequentemente, a Escuridão, a Sombra, pois nada existe sem um oposto. Você seria capaz de dizer o que é quente sem conhecer o frio? Ou dizer que está de dia, sem saber como é a noite?

Sendo assim, Fogo e Água, ou Luz e Sombra, foram ambos criados ao mesmo tempo. Ambas forças benígnas, embora ambas possíveis de serem usadas para a iniquidade.

Quando falamos destes elementos, não nos limitamos apenas aos seus aspectos "físicos", visuais". O Fogo, em maiúsculo, não é apenas a chama, assim como a Água não é apenas o líquido.

Fogo é a energia primordial de toda forma luminosa, ativa, vivaz. Sentimentos como a coragem e a fúria, virtudes como a inteligência e a alegria, tudo isto é o Fogo. E como seu oposto, da Água surgem todas as coisas sombrias, serenas, estáveis. A calma e a tristeza, o dengo e a doçura...

Fogo é Vida e Água é Morte, ambos se completando. Sol e Luz, dia e noite, homem e mulher, Yng e Yang... Mas sempre juntos, sempre parte de um no outro, incapazes de serem completamente isolados.

Abro inclusive um parágrafo para explicar ainda mais a importância da Escuridão e como ela não é algo malígno. A Sombra é a aspecto destrutivo da Água, é a Morte, o Fim... Mas não significa que seja mal. É preciso que haja um fim, é preciso que algumas coisas sejam destruídas. Podemos inclusive usar o próprio Mal como exemplo, e o mito de Noé. Tudo foi destruído porque a humanidade caiu em decadência, num ponto sem volta, num esgotar de esperanças. Curiosamente destruído pela água, o Dilúvio. Vemos aí este aspecto sombrio da Divindade, mas justo, correto. Destrutivo, porém destruindo apenas o necessário para que a Luz pudesse retornar e cumprir o seu papel... Se usam a Escuridão para o Mal, se destroem o que é bom, se usam tais energias contra os inocentes, não é culpa desta. Voltamos para a história da faca.

E a Divindade em sua sabedoria, percebe em tais forças o possível conflito, a possibilidade de ambas se ferirem... E da necessidade de um equilibrador, um mantenedor da ordem, surge o terceiro elemento: Ar. Nem Fogo nem Água, o Ar possui parte de ambos em sua constituição, e aliás podemos notar na física que tanto fogo como água o trazem em sua constituição.

Do Ar nasce a criatividade, a arte, a inspiração, a engenhosidade... E também, a sua contraparte, pois assim como o Fogo, ele não poderia existir sem um oposto.

E então, para dar realidade, para dar um plano, uma existência à tudo que já havia sido criado, surge o quarto elemento, Terra. Este é tudo aquilo que é concreto, sólido. A densidade é propriedade da Terra, assim como a amizade, a honestidade e o trabalho são suas filhas, suas virtudes...

E num gesto final, para que tudo ganhe vida, é justamente este o elemento final, a Vida. Também chamado de Ether, Espírito, Akasha... É A própria Divindade, é Deus, derramado, vivo, presente em toda a sua criação... Pois Dele/Dela é que provém toda vida, como tudo é possível.

E, para finalizar este pensamento, proponho uma análise rápida de nossos corpos, onde podemos ver como todos os elementos estão de fato sempre presentes em tudo, em seus muitos aspectos.

Começando por nossas cabeças, é aqui que surgem as idéias, é onde está nosso cérebro, os impulsos elétricos, o comando de todo o corpo. Isso é Vida, é Luz, é Fogo...

Em nosso sistema digestivo, temos a eliminação de tudo que não é mais necessário, a separação do útil e do descartável, do que deve retornar, ser reciclado... a Morte, a Escuridão, a Água.

Ambos sistemas mantidos pelos pulmões, o oxigênio que equilibra tais forças, o Ar.

Todos sistemas presentes num corpo, que não podiam viver por si só. Sustentandos por ossos, músculos, carne... Terra.

E por fim, que existem graças ao ato sexual, aos órgãos genitais que deram origem à tudo, e que são mantidos por um coração, por sangue bombado constantemente. Ether, Deus.

Sir W Y. Roses, Ordem Visionária Rosa Azul

O Amor de Akasha: Origem do Universo de acordo com o Hermetismo