Capitolina Entrevista 16
Abílio Pacheco é Professor Universitário de Literatura (UFPA-Bragança).
Autor do romance Em Despropósito (mixórdia) e do livro de poemas Canto Peregrino a Jerusalém Celeste, ambos pela LiteraCidade,2013, além de Mosaico primevo (poemas - independente - 2008), que foi finalista no Portugal Telecom. É membro correspondente da Academia de Letras do Sul e Sudeste do Pará com sede em Marabá. Atualmente cursa Doutorado em Literatura (THL-UNICAMP) e é Assistente Editorial.
Já ouvi dizer que todos somos leitores, alguns de nós apenas ainda não encontraram seu livro preferido. Você acha que existem pessoas que realmente não gostam de ler?
Assim como existem cursos de escrita criativa, existem cursos de leitura dinâmica. É possível dizer a alguém como tirar mais proveito da leitura, isto é, como ler? Sei que muitos professores de crianças tentam ensinar isso.
Eu acho que a relação das pessoas com a literatura como arte não é muito diferente da relação das pessoas com a música/canção. Não conheço uma só pessoa que não goste de música alguma, de gênero algum. Podem não suportar um determinado gênero ou um determinado cantor, mas dizer não gostar de música de jeito nenhum esta pessoa não existe. Da mesma forma, não existe quem não goste de literatua existe quem não sabe de que literatura gosta. Neste ponto, acho a organização curricular do ensino de literatura no ensino médio e na maioria das faculdades falho. Ele pouco possibilita o contato do estudante com uma diversidade literária. Não estou juntando o cânone. Apenas acho que não se ensina literatura, mas sim história da literatura (a sucessão de autores e obras no decorrer da história). Quem sabe uma organização curricular por eixos temáticos (índio, negro, mulher, homoerotismo, guerra...) ou por gêneros literários (ficção científica, narrativa distópica, contos de fadas, fantasia...) não fosse mais profeitoso.
Sim, creio que seja possível ensinar a alguém como tirar mais proveito da leitura, mas falemos especificamente da leitura literária. Eu na creio, entretanto, que transformar o texto em fast-food seja uma boa opção. Uma mastigação lenta pode favrecer muito mais ao paladar e a digestão que “um dois e engolir”. O leitor de alta literatura maduro ou em formação sabe que a aceleração pode servir muito mais para cair nas armadilhas do texto que para desarmá-lo sem ser tragado por ele.
que conselho você daria aos leitores?
Não, nada de conselhos. Os livros já são/serão ótimos aconselhadores.