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Fevereiro 2022 | Cidade Nova | 7
É uma realidade que , entre os anos 2016 e 2020 , nós tivemos a crise do setor com a queda de duas grandes redes de livrarias ( Cultura e Saraiva ) que respondiam por quase 40 % da venda de livros no varejo no Brasil . Foi um impacto muito sério : muitas editoras ficaram sem receber dessas duas grandes redes que , entrando em recuperação judicial , tiveram ainda mais problemas . Além disso , muitas pequenas e médias editoras ficaram com o passivo altíssimo e tiveram problemas até para se manter , chegando a diminuir de tamanho . Mas , segundo o setor de pesquisa da CBL , a partir de 2019 , a queda dos negócios do setor , que vinha muito acentuada , parou ; até os livros de literatura ( principalmente ficção ) tiveram um aumento na produção e , consequentemente , nas vendas . Nós estávamos achando que tínhamos reestabilizado os negócios do setor e que a crise ia passar , acreditando que a partir de 2020 iríamos dar uma virada . Foi quando veio a pandemia de Covid-19 . Então , os primeiros meses foram difíceis . Aquelas livrarias que não estavam familiarizadas com as novas tecnologias e novas ferramentas virtuais , que não faziam vendas pela internet , como marketing place , e-commerce ou mesmo WhatsApp , sofreram muito . Muitas delas fecharam . Mas , passo a passo , as livrarias foram se adequando , encontrando um caminho , isto é , muitas começaram a abrir as suas vendas pela internet . Aliás , as vendas de livros físicos pela internet durante a pandemia tiveram um crescimento exponencial . Em certos casos , algo em torno de um aumento percentual das vendas de dois dígitos .
O que mais mudou no mercado editorial nesse cenário de pandemia ?
Percebemos que o brasileiro , na pandemia , começou a ler em casa e a procurar novidades em termos de leitura . E para ter acesso a isso , começou a comprar pela internet . Então , no ano em que esperávamos que as vendas caíssem 20 %, tivemos uma queda de apenas 6 %. Em 2021 , encontramos alguma estabilidade : não crescemos , mas também não caímos . Esperamos que 2022 seja um ano ainda melhor . Mesmo com o fechamento de mais lojas pela Cultura e Saraiva , tivemos a abertura de outras , como as livrarias religiosas . Percebemos também que foram abertas muitas livrarias independentes . Aquele profissional que saiu de uma editora ou livraria abriu uma livraria pequena e
Arquivo pessoal
está tocando o seu negócio com sucesso .
Então , dá para dizer que houve alguma mudança nos hábitos de leitura do brasileiro por conta da pandemia ?
Nós somos um país de índice de leitura médio para baixo . Segundo a última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil , que já está na quinta edição , nosso índice não sobe , mas também não desce . Conforme a metodologia utilizada , o brasileiro não lê mais que 2,5 livros por ano . Agora , aquele grupo que é formado por leitores de fato – que no Brasil estima-se em 70 milhões de pessoas - acaba lendo mais e chega ao índice de 4,5 livros por ano . Então , nós temos muito a crescer . Na pandemia , constatou-se que o consumidor que foi buscar livros pela internet gostou da experiência . Outra coisa que vimos acontecer é que os autores ficaram sem ter como divulgar os seus livros , fazer os seus lançamentos . O livro – para que ele fique conhecido no mercado – depende do sucesso em várias etapas e elementos como a produção , a beleza da capa , a qualidade do conteúdo ; depois , vem a questão do marketing e da venda , toda uma preparação da promoção da obra para que ela fique conhecida . Para isso , você precisa das livrarias físicas , mesmo tendo informações na internet . As livrarias são as verdadeiras vitrines das editoras . Com a pandemia , foram realizadas muitas lives , muito acompanhadas no primeiro ano da pandemia , principalmente de autores mais conhecidos . Mas , agora , as pessoas não aguentam c

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