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Dezembro 2020 | Cidade Nova | 17
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cado em agosto pela União Pró-Vacina ( UPV ), da Universidade de São Paulo ( USP ), de Ribeirão Preto , houve um aumento de 383 % em publicações de conteúdo falso ou distorcido na internet sobre a vacina contra a Covid-19 em relação ao mês anterior . Ainda segundo a pesquisa , o conteúdo nacional que mais teve interações no Facebook em setembro foi um vídeo alarmista , baseado em mentiras sobre o tema .
Nathalia Pereira da Silva Leite , membro da UPV , critica a circulação de “ teorias de conspiração descabidas , que possuem teor xenofóbico ”, sobretudo no que se refere à vacina desenvolvida por um laboratório chinês em parceria com o Instituto Butantã . “ Todos os estudos clínicos estão disponibilizados em bancos de dados abertos , há transparência em todos os resultados , que se mostram muito positivos . Todo o processo de desenvolvimento está sendo acompanhado por especialistas e pesquisadores extremamente competentes ”, argumenta Leite .
Por isso , segundo especialistas , quando chegar o momento da imunização , as pessoas podem ficar despreocupadas quanto à origem da vacina . É o que explica Josilene Dettoni , doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP . “ Quando tomam uma medicação , as pessoas nem se perguntam quem fez , como foi feita . Há muitos insumos farmacêuticos que vêm da China . Então provavelmente as pessoas já tomaram remédios com insumos que vieram de lá e nem se deram conta . Além disso , todo o processo para aprovação de uma vacina passa por um trâmite científico rigoroso ”, afirma Dettoni , que é professora da Universidade Federal de Rondônia .
Infecções em alta
Nos últimos anos , a queda nos índices de vacinação contra doenças infecciosas antes controladas têm preocupado cientistas e autoridades . Para citar apenas um exemplo , dados do Ministério da Saúde indicam que a taxa de cobertura da tríplice viral , que alcançava 96 % das crianças em 2015 , baixou para 84 % em 2017 e abriu caminho para o retorno do sarampo , que havia sido erradicado no Brasil . Ainda de acordo com informações divulgadas pelo Programa Nacional de Imunizações em 2018 , entre as razões para a queda estão a percepção enganosa de que as doenças desapareceram , o medo de que as vacinas causem reações prejudiciais ao organismo e a falta de tempo das pessoas para ir aos postos de saúde .
Para Fabrício Andrade Martins Esteves , doutor em Biologia Aplicada à Saúde pela UFPE e coordenador do Programa de Pós-graduação em Hematologia e Hemoterapia do Centro Universitário Tabosa de Almeida ( ASCES-UNITA ), devem-se retomar estratégias eficazes para reverter esse quadro ; além disso , deve-se desenvolver um amplo programa de imunização contra a Covid-19 , assim que uma vacina eficaz e segura estiver disponível . “ A pandemia demonstrou o quanto estamos ligados e o quanto o bem-estar do meu próximo reflete no meu bem-estar ”, afirma o biomédico . Mais do que nunca , vacinar-se é um ato de cidadania .

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