1ª Edição - Dezembro de 2020 | Page 16

ACME dedica seu trabalho a transformar os ambientes e locais mais precários da comunidade. Ele nos disse que há muito tempo, acordava e via da janela da sua casa um local abandonado e dedicou seu tempo a transformar este local, usou de seu gosto pela pintura para tornar aquele espaço diferente e percebeu que seria possível fazer o mesmo em outros pontos da comunidade e em outras comunidades cariocas, mudando também a relação das pessoas com o espaço e conscientizando a todos de que a mudança nas comunidades muitas vezes depende dos próprios moradores.

Ele nos contou um pouco sobre o circuito das casas telas do Museu de Favela - MUF, já apresentado na primeira reportagem dessa revista, do qual foi um dos idealizadores e curador.

Ele disse que é o trabalho que mais se orgulha na comunidade, pois ele conta a história do nascimento e desenvolvimento da comunidade. Diz ainda, que elas trazem o sentimento de pertencimento à comunidade, porque mostram como os antigos moradores lutaram para construir a comunidade no passado.

Em uma das telas do circuito há um cordel feito por ele que conta um pouco dessa história:

"Em 1907 um morro interiorano / foi refúgio de escravos /

e dos que vinham chegando de Minas Gerais de maleta.

No Lago Rodrigo de Freitas passavam os dias pescando /

plantavam e comiam do cacho no mesmo quintal das galinhas.

De lá do alto do morro serviço barato descia / na hora que o galo cantava / o povo de baixo escutava e acordava para mais um dia.”

Casa tela do MUF

Fonte: https://www.museudefavela.org/