1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 73
Os protestos contra o ato do governo que instituiu a censura
prévia à publicação de livros e periódicos são um exemplo atual e
palpitante de resistência concreta.
Há, na luta de resistência limitada da fase atual, o risco de o
Partido desprezar sua estratégia. Mas isto será evitado desde que
subordinemos as ações de resistência ao objetivo central de formação de uma frente única nacional antiditatotial. Assim, o Partido
será resguardado e não incorrerá no erro de minimizar sua ideia
estratégica, “diluindo-a em uma tática quase cotidiana”.
Trata-se, agora, de incrementar e multiplicar o aparecimento
de focos políticos de resistência, a fim de romper com a passividade
das massas e passar da defensiva à ofensiva, até atingir o ponto em
que se coloque, na ordem do dia, o ataque geral contra a ditadura.
É nesse momento que se dará o fim do processo de fascistização, com a liquidação da ditadura:
1) ou através de um movimento irresistível que mobilize a
opinião pública, atraia para o seu lado uma parte das Forças Armadas e organize um levantamento nacional (com maior ou menor
emprego da violência);
2) ou através da desagregação interna do poder, sob o
impacto do movimento de massas e depois de crises sucessivas,
forçando uma parte do governo a facilitar a abertura democrática;
3) ou pela predominância e vitória, nas Forças Armadas, da
corrente nacionalista, capaz de superar e liquidar o conteúdo
entreguista do regime, nos moldes concebidos pela ESG e aplicados pelos altos chefes militares no mando do país, a partir de 1964.
Em relação à terceira hipótese, cabe um esclarecimento. No
caso de surgir uma situação semelhante, é de se prever que a
corrente nacionalista vitoriosa, mesmo negando o traço fundamental do regime atual – sua subordinação à estratégia americana
de controle do mundo capitalista – tentará manter o poder militar
autoritário, como instrumento para a realização de seu projeto de
afirmação nacional.
A resistência política aos anos de chumbo
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