1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 52

Hermes Lima. Em janeiro de 1963, é realizado um plebiscito sobre a forma de governo e a volta do presidencialismo é vitoriosa por larga margem de votos. Como não interessava praticamente a ninguém, da esquerda à direita, o parlamentarismo foi derrotado na proporção de cinco votos a um. O resultado foi interpretado por setores governamentais e aliados e, em especial, pela esquerda (PCB, Brizola, CGT, UNE etc.), como derrota das forças conservadoras e do imperialismo e, em consequência, como aprovação das reformas de base e a favor de um governo nacionalista e popular. Na contiguidade do plebiscito, iniciou-se no governo a discussão do Plano Trienal. Elaborado pelo ministro do Planejamento (Celso Furtado) com a colaboração do ministro da Fazenda (San Tiago Dantas), continha, ao mesmo tempo, uma política de estabilização e um projeto de desenvolvimento e modernização, visando enfrentar a crise econômica e o aumento da inflação, juntamente com a retomada das taxas de crescimento. “A racionalidade econômica e política proposta – às vezes apenas implícita – é o máximo jamais alcançado no empenho para a implantação definitiva do sistema capitalista de produção no país” (IANNI, 1965, p. 24). Porém, não era essa a avaliação que, tanto aliados como oposição, fariam do Plano. À esquerda, é acusado de “(...) jogar nas costas do povo o ônus da resolução da crise (...)” e manter “(...) os interesses e privilégios do capital estrangeiro, dos latifundiários e da burguesia” (PRESTES, 1963, p. 4). E à direita, as críticas iam no sentido de acusá-lo de nacionalista e estatista. Combatido por forças as mais diversas e não implementado à risca pelo próprio governo, o Trienal não lograria sucesso, o que implicou a agudização da crise. Associado às dificuldades econômicas, o governo se debateu com constantes transtornos políticos: seguidas trocas de ministros, pressão pró e contra as reformas, embaraços no Congresso, aumento das greves e reivindicações – em especial nos serviços públicos –, oposição tanto da esquerda como de liberais e conservadores etc. No conjunto, esses problemas – que foram sendo 50 1964 – As armas da política e a ilusão armada