1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 480
denominada marcha para o Oeste, situando o poder no centro do
país. Juscelino teve contra ele duas ameaças de golpe: Jacareacanga e Aragarças. Oficiais jovens da Aeronáutica, influenciados
por Carlos Lacerda, se insurgiram na pretensão de derrubar o
governo. JK habilmente contornou a situação e até anistiou os
aprendizes de golpistas. Terminado o mandato dele, elege-se Jânio
Quadros, com expressiva votação, tendo Jango como vice. Jango
era candidato a vice da outra chapa, a do general Teixeira Lott. E o
vice do Jânio era Milton Campos, um político de Minas Gerais.
Naquele tempo, salutarmente, o vice-presidente era eleito. Não é
como hoje, o que acho um retrocesso.
Assumiram Jânio e Jango. Sete meses depois, queixando-se
de forças ocultas, Jânio renuncia. Há muita especulação em torno
da sua renúncia: se ele queria dar um golpe, se ele não tinha maioria do Congresso e não poderia governar; queria fazer chantagem,
pois o vice era o Jango e os generais não gostavam deste. O fato é
que ele renunciou, e os golpistas voltaram à carga para evitar que
o vice-presidente, constitucionalmente eleito, assumisse a Presidência da República na vacância do titular. Voltaram ferozes,
impedindo Jango de assumir. Foi quando houve o Movimento da
Legalidade no Rio Grande do Sul. Brizola desencadeou-o, tendo
uma liderança efetiva, criando o impasse na crise.
Mas as elites dominantes do país, que têm uma experiência
de trezentos anos de escravatura – muitas atrasadas, mas muito
ladinas, como dizia o respeitado dirigente comunista Giocondo
Dias –, quando vêem que o quadro político está em dúvida, em
relação aos seus objetivos, buscam a solução política, no caso, o
parlamentarismo. Uma emenda constitucional, que foi empurrada
goela abaixo no parlamento brasileiro, alterando a Constituição,
instituía o parlamentarismo, para que Jango assumisse sem poderes. E assumiu, foi o que aconteceu. Jango assumiu com as mesmas
dificuldades que tinha Jânio, em termos de composição parlamentar, minoritário. Teve três primeiros ministros: Tancredo Neves,
que foi o arti