1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 465
tos revolucionários que, em geral, se apresentam com uma característica de atividade ilegal, perigosa, e com formas violentas de luta.
Não aceita, pois, a liderança dos comunistas, para concordar com a
de homens da burguesia nacional, que encarnam a luta pela reforma
das estruturas de forma mais ou menos pacífica e gradativa. Segue o
líder sindicalista nas campanhas salariais, mas reserva a Getúlio ou
a Jânio o papel de direção nos assuntos políticos.
Após o golpe de 1º de abril, um jornalista norte-americano
disse uma verdade amarga para os revolucionários brasileiros: afirmou que o governo trabalhista foi derrotado pela classe operária de
São Paulo. Isto é verdade na medida em que o proletariado bandeirante, na hora decisiva, não se movimentou em defesa de um
governo ameaçado pelos piores inimigos dos trabalhadores e da
nação brasileira. Em poucos lugares, realmente os operários se
dispuseram à luta em defesa do governo. Caso excepcional foi o dos
trabalhadores de Brasília, os "candangos" – que manifestaram
concretamente sua vontade de ir à luta em defesa de Goulart.
A imensa maioria da classe operária permaneceu, no entanto, numa
atitude de neutralidade simpática em relação ao governo deposto.
Jamais, porém, aprovou o golpe de Estado, como se pode ver até
hoje na hostilidade dos trabalhadores aos "revolucionários de abril”.
De qualquer maneira, o ascenso que se notou no movimento
proletário, a partir de 1962, atemorizou os círculos mais reacionários
e conservadores, bem como o governo ianque. O fato de os trabalhadores pressionarem pelo atendimento de suas reivindicações e estarem
se libertando do controle governamental assustou os privilegiados.
O início da unificação da classe operária, em pactos sindicais por
municípios, estados e categorias (caso do PUA, que reuniu portuários, marítimos, estivadores e ferroviários da Guanabara) e no
Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), foi tomado como um
desafio à estrutura tradicional. O mais negativo, porém, era o exagero
radical, o comportamento infantil que predominava em muitos setores progressistas, determinado por uma análise incorreta da real
correlação de forças. Assim, ao invés de se sentir que a classe operária brasileira estava dando passos largos, mas que não possuía podeCausas da derrocada de 1° de abril de 1964
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