1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 455
Como já vimos antes, a conduta do governo Goulart foi despertando a desconfiança crescente dos círculos mais ligados aos interesses norte-americanos. Goulart havia feito, em abril de 62, uma
séria tentativa de neutralizar a má vontade de Washington em relação ao seu governo. Isto se deu quando de sua viagem aos Estados
Unidos, que haveria até de suscitar aplausos do deputado Herbert
Levy, um dos membros da comitiva. Pressionado pela dinâmica dos
acontecimentos, Goulart teve de dar meia-volta. Assim, o compromisso de efetuar a compra das subsidiárias da Amforp, assumido
nesta ocasião, teve de ser postergado e, por fim, anulado.
A partir de julho de 1963, uma série de medidas adotadas
pelo governo foi cavando um fosso entre o Brasil e os Estados
Unidos. No que diz respeito à política internacional, a conduta do
Itamarati não se afinava com a Casa Branca. Anteriormente,
haviam sido restabelecidas as relações diplomáticas e comercias
com a União Soviética. Quebrou-se, portanto, um tabu longamente
cultivado pela reação, que sempre afirmava ser um atentado à
segurança nacional a simples manutenção de relações diplomáticas e comerciais com o país dos sovietes.
Quando da crise no Caribe, em outubro de 1962, o Brasil
primou pela discordância ante a atitude norte-americana, contribuindo para a causa da paz e da não intervenção. Na segunda
conferência de Punta Del Este (fevereiro de 1962) a posição brasileira, formulada por San Tiago Dantas, foi divergente da decisão
de excluir Cuba da OEA, conforme exigia Dean Rusk. Todos esses
atos, que ampliaram a posição que já vinha do governo Jânio, indicavam uma mudança de qualidade na política brasileira no campo
internacional. Embora não se tivesse dado o devido valor a essa
alteração, ela acarretava problemas de monta para os Estados
Unidos. Outros pronunciamentos brasileiros na ONU, na OEA, no
Cies (Conselho Interamericano e Social) etc., demonstravam a
marcante vontade do Brasil de manter relações pacificas e amistosas com todos os povos e de seguir uma linha anticolonialista.4
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Relembre-se, particularmente, a atitude brasileira na reunião do Cies, em São Paulo,
Causas da derrocada de 1° de abril de 1964
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