1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 435
1. ou através de um movimento irresistível que mobilize a
opinião pública, atraia para o seu lado uma parte das
Forças Armadas e organize um levantamento nacional
(com maior ou menor emprego da violência);
2. ou através da desagregação interna do Poder, sob o
impacto do movimento de massas e depois de crises
sucessivas, forçando uma parte do governo a facilitar a
abertura democrática;
3. ou pela predominância e vitória, nas Forças Armadas, da
corrente nacionalista, capaz de superar e liquidar o conteúdo entreguista do regime, nos moldes concebidos pela
ESG e aplicados pelos altos chefes militares no mando do
país, a partir de 1964.
Em relação à terceira hipótese, cabe um esclarecimento. No
caso de surgir uma situação semelhante, é de se prever que a
corrente nacionalista vitoriosa, mesmo negando o traço fundamental do regime atual – sua subordinação à estratégia americana
de controle do mundo capitalista –, tentará manter o poder militar
autoritário, como instrumento para a realização de seu projeto de
afirmação nacional. Mas esse poder, penetrado de um novo conteúdo, na medida em que aguce seu confronto com o imperialismo,
tornar-se-á carente de amplo apoio popular e permeável, por isso
mesmo, às reivindicações de ordem democrática.
É claro que as saídas acima apontadas são, como não poderiam deixar de ser, bastante esquemáticas. São hipóteses para o
trabalho político, tanto mais úteis quanto expressem com maior
rigor as tendências reais do processo político em curso.
De qualquer forma, a queda do regime atual poderá assumir
o caráter de uma verdadeira revolução antifascista, com a derrota
e afastamento do poder das forças e camadas políticas e sociais
mais reacionárias do país.
Resolução Política do Comitê Estadual da Guanabara do PCB
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